Filipe Martins, treinador do Feirense, em declarações na sala de imprensa do Estádio Marcolino de Castro, após a derrota por 2-0 frente ao Sp. Braga, em jogo da 30.ª jornada da Liga:

«Descida? É a mesma coisa que ter um familiar de quem gostamos muito com doença terminal sabendo que pode morrer a qualquer altura. Marca sempre uma pessoa. O estado anímico da equipa já não era o ideal, ficou ainda mais fragilizado com a descida. Tentámos dar a volta à situação e o objetivo era vencer este jogo.

Com algum sucesso na primeira parte, contrariámos o modelo de jogo do Sp. Braga. Atacaram mais de fora para dentro do que de dentro para fora. Aguentámos, mas faltou-nos clarividência na saída para o contra-golpe. O golo tornou tudo mais complicado. A equipa expôs-se e ficou mais fácil para o Sp. Braga controlar o jogo.»

[O que disse aos jogadores depois da equipa ter descido?]:

«Aconteceu o que ninguém queria que acontecesse. Só havia uma maneira de ultrapassarmos isso: dar tudo em campo. É difícil motivar os jogadores quando sabem que estão matematicamente descidos. Tentámos contrariar tudo isso, mas não é fácil conviver com este momento.»

[Questão acerca do seu futuro]:

«O desalento tem de estar presente. Acabámos de descer de divisão, descemos um degrau na história deste clube. Isso tem de significar uma subida daqui a um ano para o patamar em que o Feirense merece estar. Temos de transformar este passo atrás em dois à frente, sabendo o que não se pode repetir. Devemos fazer uma autorreflexão pessoal e coletiva.»

«Não é o mais importante neste momento. O importante é fazermos uma autorreflexão, principalmente quem está cá desde o primeiro dia. Uma bola de neve tem de partir de um grão. Vou fazer a minha autorreflexão como toda a gente que é responsável deve fazer. Se o futuro passa pelo Filipe Martins, não é o mais importante.

Quero ter oportunidade de retificar a imagem, mas não vou estar minimamente preocupado. Temos de olhar para o que é importante. Esta situação toca-me muito, quero que o Feirense volte à primeira.»

[Arrependimento por ter vindo para o Feirense?]:

«Nunca me arrependi na minha vida. Tomei a decisão em consciência. Foi um desafio que me foi dado, sabia que isto poderia acontecer. Se tiver medo de assumir o risco, nunca vou ser ninguém no futebol. Não achei que fosse um risco demasiado grande, não estou arrependido. Foi uma aprendizagem. É o que temos de levar desta vida: cair, levantar e aprender. Todos tivemos de aprender a andar. Não vou arranjar desculpas.»