A FIGURA: Gil Dias

Senhores e senhoras, eis Gil Dias. Os mais atentos já conheciam este talento, os menos conhecedores tiveram, esta noite, um cartão-de-visita de luxo. Exibição de luxo. Com um toque de bola que não engana, joga de cabeça levantada, tem corpo para aguentar o choque, é persistente e, claro, talentoso. Desde o início que mostrou por que Bruno César será sempre um lateral adaptado. Colado à direita ou até descaído para a esquerda, quando Capucho o trocou por Yazalde, foi sempre ele a brilhar esta noite. O trabalho do segundo golo, marcado por Guedes, é para ser visto e revisto. Recebeu no peito, aguentou a pressão durante largos segundos, ainda no seu meio campo defensivo, até encontrar espaço pelo centro por onde fugiu. Depois disse a Guedes para marcar. ‘Disse’ em forma de passe. No terceiro empurrou ele mesmo para a baliza após centro de Guedes que…tinha sido isolado por Gil Dias. Foi praticamente perfeito.

O momento: arte de Roderick a abrir o leque

Minuto 29. Se já não é nada habitual ver Roderick na esquerda do ataque ainda menos é ver o que conseguiu fazer no lance do golo inaugural. O nó cego que deu a Coates é sublime e a assistência para Tarantini perfeita. Um aviso de que esta não ia ser uma noite normal…

Outros destaques

Guedes

Não foi aposta inicial de Capucho mas ganhou o lugar com tremendo mérito. Marcou na Madeira na ronda passada, chegou confiante a este jogo e voltou a marcar. Remate certeiro, entre Patrício e o poste, fazendo, na altura, o 2-0. Batalhador como sempre, foi dele a assistência para o terceiro, pouco depois. Um centro direitinho ao pé de Gil Dias, como que a dizer: obrigado, é a tua vez.

Cássio

Não vai ser fácil alguém olhar para a baliza, depois do brilharete que foi no ataque, mas foi na segurança do guarda-redes que o Rio Ave começou a construir a noite histórica que viveu. Antes da chegada em catadupa dos golos, foi Cássio a deter os melhores lances do Sporting, nomeadamente um remate de André, isolado, a recarga de Adrien ou outro tiro de Alan Ruiz.

Gelson Martins

Depois do brilharete de Madrid, que deixou os espanhóis de apetite aguçado, esteve muito abaixo em Vila do Conde mas, ainda assim, foi o melhor do Sporting, pelo menos no plano ofensivo. Já antes do golo inaugural, que deu origem ao descalabro, tinham vindo dos seus pés quase todos os raides ofensivos leoninos. Depois, continuou a tentar. E a tentar. Não era a noite.

Bas Dost

Jogou menos tempo do que André mas teve uma produção incomparavelmente superior. Marcou, depois de ameaçar em dois lances, dando um laivo de esperança à mancha leonina nos Arcos. Foi tarde. Como ele para dentro do campo.

Bruno César

Se Jorge Jesus quiser convencer alguém que Bruno César é mesmo lateral esquerdo, é melhor não mostrar o filme deste jogo.