Famalicão e Gil Vicente protagonizaram um dérbi quentinho, num belo espetáculo de futebol que se pôde desfrutar numa sexta-feira Santa, em que houve dois golos e um ponto para cada lado (2-2). Os galos até estiveram melhor, mas mais uma vez ficam a dever a si próprios outro resultado perante um vizinho. A equipa atravessa um período de menor fulgor e poderá estar a ressentir-se dos custos da fama europeia.

Sabendo do empate do Arouca, o Famalicão entrou em campo com motivação extra para voltar aos triunfos, algo que não conseguia há cinco jornadas. Já o Gil Vicente, também a atravessar um mau momento, tinha intenção de limpar a imagem deixada nos últimos jogos.

Embalado pelos instantes finais de bom nível no último jogo, o conjunto barcelense entrou «mandão», mas os famalicenses equilibraram perto do quarto de hora de jogo. Pouco depois, as apostas dos dois técnicos revelaram-se acertadas.

Rui Pedro Silva lançou Simon Banza e juntou-o no ataque a Jhonder Cádiz e foi após uma combinação dos dois atacantes que se desfez o nulo no marcador. Depois de uma insistência de Gustavo Assunção, que recuperou a bola por duas vezes, o venezuelano recebeu na grande área, não foi egoísta e serviu o francês, que chegou ao 12.º golo na época.

A resposta gilista seguiu-se de imediato. Élder Santana constava na ficha de jogo para espanto de muitos, já que Fran Navarro foi relegado para o banco. Ora, o ponta de lança brasileiro viria a dar razão a Ricardo Soares ao empatar a partida com um golo à artilheiro, na sequência de um canto.

Depois de um início a bom ritmo, o jogo acalmou e o Famalicão era a equipa mais confortável. Os famalicenses incomodavam o vizinho minhoto e Zé Carlos foi uma das vítimas do desconforto. O lateral gilista, lento a reagir, tocou de forma displicente na bola e ofereceu uma grande penalidade aos homens da casa, que Pepê não desperdiçou.

A narrativa do segundo tempo teve contornos semelhantes a abrir e a fechar.

O Gil entrou melhor e podia ter igualado logo no recomeço, quando Rúben Fernandes atirou à trave e deu o tónico para os minutos que se seguiriam. Os galos foram à procura de empatar a partida perante um Famalicão que revelava alguma solidez defensiva.

A juntar a isso, Samuel Lino vivia uma tarde muito desinspirada. O avançado brasileiro teve o golo nos pés em duas ocasiões, mas conseguiu fazer aquilo que parecia impossível: não marcar. Primeiro, na cara de Luiz Júnior, atirou ao lado. Depois, o guardião famalicense saiu disparatadamente da baliza e Lino voltou a rematar ao lado quando estava completamente isolado.

A lutar pela permanência, o Famalicão tentou aguentar os três pontos, mas não conseguiu resistir à investida final dos barcelenses. Aburjania entrou para mudar o jogo, rompeu a defensiva famalicense e foi derrubado em falta na grande área. Aí, apareceu Navarro a mostrar novamente dotes de goleador e a regressar aos tentos cinco jornadas depois.

À semelhança do que havia feito na última ronda, o Gil tentou, insistiu e persistiu nos minutos finais, mas teve pela frente Luiz Júnior, que travou tudo o que pôde.

O Gil Vicente só venceu um dos últimos sete jogos e parece não se entender bem com a fama europeia.