O Benfica encheu o campo de magia e construiu uma goleada das antigas, mas mesmo muito antigas.
Basicamente, e numa frase apenas, foi isto que se passou no Estádio da Luz: uma daquelas noites que rasga o sorriso a qualquer adepto, com a alma cheia de felicidade e o peito carregado de orgulho.
Começou cedo, aliás: aos 35 segundos, já os adeptos pulavam da cadeira a primeira vez para festejar o primeiro de dez golos: Gabriel fez um passe a rasgar todo o campo, Seferovic deu de calcanhar e isolou Grimaldo, que desviou de Daniel na cara da euforia.
Foi o segundo golo mais rápido deste campeonato. Só Xavier, jogador do Tondela, fez melhor: também frente ao Nacional, abriu o marcador aos treze segundos. Mas enfim, voltando ao jogo, importa dizer que o Benfica entrou a celebrar.
A partir daí, meus caros, foram pós de perlimpimpim.
Futebol feito de transições rápidas, passes bem medidos, envolvimento de vários jogadores, toques de calcanhar, jogadas de perigo umas atrás das outras, e golos, muitos golos.
Magia, portanto.
Veja a ficha do jogo e as notas dos jogadores
Há uma jogada, aliás, que é paradigmática de tudo o que se disse atrás. Samaris recuperou a bola, Pizzi tocou para André Almeida, que deu de calcanhar a João Félix, que tocou para Pizzi e este devolveu a João Félix, que se soltou pela direita, e cruzou tentando servir o golo a Seferovic, mas o passe ficou curto e Kalindi atirou para canto de carrinho.
Tudo ao primeiro toque, em velocidade, com envolvimento de todos os jogadores, enfim, um regalo para a vista, e para o ego de quem andava lá dentro.
Nessa altura já o Benfica tinha feito três golos, dois deles por Seferovic, pelo que o balão da euforia encarnada já estava bastante preenchido. Mas depois disso ganhou asas.
É certo que o primeiro tempo não trouxe mais golos, mas teve jogadas de perigo e pormenores de classe. O segundo tempo, aí sim, encheu-se de festejos que vieram na enxurrada.
Dez golos, para se ser mais exato.
Pizzi vestiu-se de herói, ele que marcou um golo e fez quatro assistências (ou três assistências, porque tecnicamente no golo de Ruben Dias ainda há um toque de um adversário na bola). Pormenores à parte, o médio cobriu o jogo de encarnado e empurrou a equipa para a goleada.
É claro que cada golo que o Benfica marcava era mais uma machadada na confiança do Nacional, que às tantas já não conseguia defender nada, de tão zonza que parecia.
Pizzi tirou as duas mãos dos bolsos: os melhores em campo na goleada
No fim havia jogadores a chorar ao sair do relvado. Provavelmente sem saber o que lhes tinha acontecido. É perfeitamente natural: este é resultado que fica para a história deste clube, deste treinador e destes jogadores. Vai colar-se a eles.
Indiferente a isso, porém, o Benfica continuou a carregar, e a fazer golos.
Jonas, por exemplo, jogou pouco mais de quinze minutos e bisou, ele que saudou desta forma o regresso à competição após mais um mês de ausência, e a estreia sob os comandos de Bruno Lage.
Ferro e Ruben Dias fizeram também cada um deles um golo, sendo que no caso do primeiro foi a melhor forma de celebrar a estreia a titular. João Félix fez um golo e uma assistência, Rafa Silva também marcou, Florentino Luís estreou-se pela equipa principal e ouviu uma ovação estrondosa, enfim, deu para tudo, num Benfica sem piedade e com muita fome de glória.
Sai desta goleada, que precisa de duas mãos para se ilustrar, a um ponto do FC Porto e a voar.
Está levezinho, levezinho. O que é um perigo para os adversários.