É uma vitória com sabor a iogurte natural magro. Merecida, mas sem sabor. Sem açúcar. Que permite saciar a fome mas que não entusiasma.
 
O Benfica marcou dois golos e acertou três vezes nos ferros (uma delas no lance do segundo golo), mas ainda assim o caudal ofensivo foi claramente curto para o domínio territorial que teve. É que o jogo esteve quase sempre limitado ao meio-campo defensivo do Boavista, mas a equipa de Rui Vitória revelou os problemas do costume: dificuldades no jogo interior e escasso aproveitamento do abundante jogo exterior.
 
Com Jonas perdido no meio da muralha boavisteira, o Benfica viveu sobretudo de alguns ragos de Gaitán e Guedes, que fabricaram o primeiro golo do encontro. E recuperando a metáfora dos iogurtes, utilizada por Rui Vitória a propósito do prazo de adaptação de Raúl Jiménez, refira-se que o mexicano voltou a ser muito trapalhão, mas os erros de Talisca tenham provocado idêntica irritação nas bancadas
 
Focado principalmente na coesão defensiva, Petit montou um 4x5x1 que nunca conseguiu esticar o jogo até ao ataque. O primeiro remate do Boavista surgiu apenas no início da segunda parte, por Afonso Figueiredo, e completamente desenquadrado da baliza de Júlio César. No final do jogo a equipa axadrezada tinha feito apenas quatro remates, sem nunca incomodar o guarda-redes brasileiro.
 
Mas a verdade é que o Benfica também «só» fez doze. Um valor que corresponde ao triplo, é certo, mas ainda assim curto para o tempo passado no meio-campo contrário.

A muralha defensiva do Boavista condicionou muito o ataque encarnado, que até ao minuto 38 só tinha conseguido três remates, e nenhum deles incomodou Mika (dois foram à figura e um, de livre direto, nem passou a barreira). Valeu então o tento de Guedes, a passe de Gaitán, para tranquilizar a Luz a sete minutos do intervalo.
 
Ferro em dose tripla
 
Esperava-se então que o Benfica encarasse a etapa complementar com outra tranquilidade e segurança, mas o nível exibicional pouco melhorou. Ainda que Jonas tenha atirado ao poste logo ao minuto 62, praticamente na única vez em que se soltou.
 
Os ferros da baliza de Mika voltaram a tremer ao minuto 79, num livre direto de Talisca que ainda desviou num elemento da barreira.
 
Por esta altura o Boavista lá esboçava algumas tentativas para chegar à baliza de Júlio César, mas o lance de maior perigo é um mau domínio de bola do suplente Zé Manel (73m), que aparece solto na área em posição aparentemente irregular (o árbitro assistente terá entendido que o toque de cabeça é de Samaris, mas não terá sido).
 
A um minuto do fim o Benfica lá acertou nos ferros pela terceira vez, mas na sequência surgiu o golo da tranquilidade, apontado por Carcela. Fica a dúvida se não existe falta no momento do cabeceamento de Jardel à trave, mas as contas do jogo ficaram arrumadas aí.