1. Pressão, equilíbrio e luta

Após o último confronto para a Supertaça, no qual o FC Porto levou a melhor, não se esperava grandes alterações estruturais nas equipas. Contudo, havia a expetativa de perceber que tipo de ajustes estratégicos poderiam apresentar, principalmente por parte do Benfica, visto ter sentido mais dificuldades em controlar esse jogo.

Sem surpresa o jogo começou com um FC Porto agressivo, pressionante e a tentar empurrar o adversário para trás, como é habitual na equipa, principalmente jogando no Dragão. O Benfica vinha preparado para uma construção a três, com Weigl a encaixar na linha dos defesas centrais, e projetando os defesas laterais, principalmente Nuno Tavares. No entanto tinha muitas dificuldades a sair (só se soltando desta pressão mais a frente no jogo) e não arriscando muito a sair curto sob pressão numa fase inicial.

Marega e Taremi intensos nesta pressão e fechando espaços de ligação dentro, e contando com a ajuda de um dos alas que também podia saltar para pressionar mais alto um dos centrais benfiquistas com bola. Perante esta pressão, o Benfica respondeu do mesmo modo, pressionando muito alto e não permitindo ao FC Porto construir curto.

Para isso os seus dois avançados encostavam nos centrais portistas para que não iniciassem jogo, colocando também um dos médios (quase sempre Pizzi) a subir uma linha e a encostar também no médio do FC Porto que se movia para tentar receber.

Desta forma, com as equipas a pressionarem alto, com as primeiras fases de construção sem apresentarem muitas soluções de saída curta, e com ambos os blocos defensivos coesos a defender o espaço entrelinhas, o que sobrou foi muita saída de bola direta e jogo a partir de segunda bola e de ataques rápidos. O equilíbrio foi grande e houve muita luta (com um número de faltas alto).

2. Grimaldo a ala esquerdo e a estratégia de Jorge Jesus

A inclusão de Nuno Tavares, com Grimaldo mais subido no terreno, foi a principal surpresa no onze inicial do Benfica, ficando a dúvida inicial de qual dos dois seria o lateral esquerdo. Antevia-se alguma situação estratégica pensada por Jorge Jesus. O jogo mostrou que Nuno Tavares era o lateral e Grimaldo era ala esquerdo, com missões defensivas claras na tentativa de condicionar o jogo ofensivo do FC Porto pelo seu corredor direito, nomeadamente tentando limitar Corona.

Para isso Nuno Tavares encostava e acompanhava Corona no seu posicionamento interior (referência individual usada por Jorge Jesus apenas em alguns contextos específicos), tentando evitar a receção de bola do seu opositor de frente para jogo e limitando desta forma a sua ação e a influência que tem no jogo ofensivo portista (muita liberdade de movimentos interiores).

Grimaldo ajustava o seu posicionamento em função deste movimento, controlando Nanu e equilibrando a linha defensiva, ocasionalmente fazendo linha defensiva de cinco elementos em zonas mais baixas. Com o tempo Corona ia tentando ter maior abrangência de movimentos para se libertar e lançar bolas na profundidade. Curiosamente é num lançamento lateral que vai fazer à esquerda, que permite que tenha depois uma situação de desequilíbrio, que chega ao golo.

No entanto a estratégia de Jesus para este corredor incluía também a dinâmica ofensiva, nomeadamente usando movimentos para fora de Darwin Nuñez, aproveitando as costas do lateral portista. E foi a partir deste espaço e movimentos que o Benfica criou as suas melhores jogadas primeira parte (cruzamento para remate de Seferovic, movimento para fora dando espaço a Grimaldo para fazer o golo por dentro e diagonal de fora para dentro acabando a finalizar com remate ao poste).

3. Benfica vai saindo da pressão e expulsão de Taremi

Como o tempo, o FC Porto vai diminuído a capacidade de condicionar a primeira linha de construção do adversário dando mais espaço/tempo à linha de três do Benfica para ter mais de bola, pausar mais o jogo e começar a encontrar mais espaço para ligar o jogo de forma curta com as linhas seguintes, começando a criar mais desestabilização na estrutura portista.

Com isto o Benfica começa a empurrar mais o adversário para trás e nesse momento, numa situação em que chega atrasado num momento de pressão, Taremi acaba por fazer falta e ser expulso. Este momento desequilibra o jogo em termos de domínio.

O Benfica mantém a estrutura e construção a três, vai mexendo para meter jogadores com características ofensivas e naturalmente tem mais bola. O FC Porto responde inicialmente em 1-4-4-1, baixando um pouco as linhas e tentando aproveitar os momentos de ganho de bola. Depois vai mexendo para garantir segurança defensiva e acaba por defender na parte final com uma linha de cinco em zonas baixas. Apesar da alteração no registo do jogo o resultado não se alterou.