João Pedro Mendonça é presidente da Associação Nacional de Médicos de Futebol (ANMF), e foi nessa condição que falou à agência Lusa, mas é também o chefe do departamento clínico do Nacional, o que não o impede de classificar o regresso da equipa madeirense aos treinos, no início da presente semana, como «pouco razoável».

«Em termos de saúde pública, pura e dura, o que o Nacional está a fazer não põe a saúde em risco, porque tudo está a ser respeitado. O decreto-lei 2-A/2020 permite que os atletas de alta competição, a que se equiparam os profissionais de futebol, possam deslocar-se ao complexo desportivo para fazer treinos individualizados. Estou perfeitamente descansado, porque está tudo salvaguardado. Coisa diferente é que, face ao estado de emergência em que se vive, acho, mais do que controverso e discutível, pouco razoável», refere João Pedro Mendonça.

O presidente da Associação de Médicos de Futebol confirmou que a Liga continua a apontar para um regresso das equipas aos treinos no início de maio, com o intuito de retomar a competição no fim do mesmo mês.

«É muito provável que, na retoma, os primeiros jogos sejam à porta fechada. Depois disso, vai depender muito dos números e da forma como a pandemia evoluir. Em mês e meio pode acontecer muita coisa», acrescentou.

João Pedro Mendonça ressalva que o plano da Liga está dependente da evolução da pandemia de covid-19 e que o futebol «deve respeitar rigorosamente as diretrizes que vêm da Direção-Geral da Saúde, dos decretos emanados pelo Presidente da República e pelo Governo, mas também não ir além disso para não ser mais papistas que o Papa».

A presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva (SPMD), Maria João Cascais, defende também que «é prematuro dar prazos para o regresso à competição».

«Vamos aguardar mais um bocadinho, uma semana, para saber isso. Obviamente que os atletas vão treinando como podem, dentro das suas possibilidades. Quanto a competições com pessoas aglomeradas, vai ter de se esperar ainda um pouco», afirmou, também à agência Lusa, embora sem comentar o regresso do Nacional aos treinos.