Talvez ainda seja precipitado concluir que aquele Benfica de tons monocromáticos e que até à passada quarta-feira não vencia de forma confortável para o campeonato desde meados de setembro ficou definitivamente para trás, mas é indiscutível que a equipa de Bruno Lage tem hoje uma gama de cores mais consentânea com os seus melhores quadros.

Diante de um Rio Ave que se apresentou na Luz fiel aos seus princípios, o Benfica foi crescendo com o tempo, um pouco à semelhança do que acontecera dias antes, na receção ao Portimonense, e, ainda que por números mais modestos, arrancou uma performance positiva.

FILME E FICHA DE JOGO

Depois de muitas alterações há três dias, Bruno Lage reaproximou esta noite a equipa da sua melhor versão teórica, com Ferro, Florentino e Pizzi de regresso ao alinhamento inicial.

Ainda assim, as águias tardaram a carburar e só depois do golo de Rúben Dias, por volta da meia hora de jogo, é que começaram a assumir-se, ainda que sem a expressividade dos segundos 45 minutos, como a melhor equipa em campo.

Até aí, o Rio Ave bloqueava quase todas as tentativas de saída do campeão nacional. Pelas laterais ou pelo corredor central. Sem espaço, Gabriel baixava para zonas iniciais de construção e Chiquinho era engolido por Jambor e Filipe Augusto, que tapavam os caminhos para a zona onde o ex-Moreirense mais gosta de aparecer: entre linhas.

Uma oportunidade para cada lado e posse de bola repartida era o saldo até Rúben Dias conseguir furar as forças de bloqueio na sequência de um canto batido da direita por Pizzi.

Os encarnados estabilizaram a partir daí, mas o Rio Ave manteve a espinha bem direita e até podia ter ido para o intervalo empatado, não tivesse um remate de Nuno Santos esbarrado no ferro direito de Vlachodimos. Não seria chocante, aliás, até porque durante boa parte dos primeiros 45 minutos faltou velocidade e (à exceção de Cervi) criatividade ao campeão nacional.

A segunda parte arrancou praticamente como o golo de Pizzi, que, depois de receber de Cervi, tirou dois adversários da frente e atirou para o 2-0 que permitiu à águia encarar o que faltava jogar com outra confiança.

Daí até ao fim houve períodos em que o Benfica chegou a sufocar a saída do adversário. Fê-lo, aliás, como poucas vezes em 2019/20, ainda que o evidente défice físico dos vilacondenses após a hora de jogo tenha facilitado a missão da equipa de Lage.

Em falência, o Rio Ave foi obrigado a baixar linhas. Mesmo quando procurava sair a jogar, perdia a bola em zonas recuadas e acabou o jogo a resistir como pôde à pressão, assistindo no terço defensivo ao desperdício da equipa da casa, que podia ter construído um resultado semelhante ao de quarta-feira passada.

O futebol do Benfica está mais colorido.