O Benfica venceu com tremenda autoridade em Vila do Conde, na visita ao Rio Ave (0-3), mantendo um registo perfeito na Liga 2020/21. Quarto triunfo em quatro jornadas para a equipa de Jorge Jesus, impulsionada por um quarteto que se impõe com respeito perante a oposição.

A formação encarnada fez um investimento tremendo no ataque e formou um quarteto fantástico – não confundir com as personagens da Marvel - de mais de 75 milhões de euros (75,4), um valor que comprova a expectável diferença de qualidade em relação a grande parte dos setores defensivos do nosso campeonato.

Darwin Núñez (24 milhões), o mais caro do lote, tem em força o que Waldschmidt (15 milhões) esbanja em classe. O jovem uruguaio é o principal assistente da equipa – somou mais um passe para golo neste domingo – e o internacional alemão assume-se como o goleador, com o segundo bis da temporada. Depois de Famalicão, Vila do Conde. Gabriel fechou as contas, já ao minuto 84. Cinco pontos de vantagem sobre os mais diretos perseguidores na prova.

DESTAQUES: Darwin e Waldschmidt, quente e frio

A subida de nível no processo ofensivo do Benfica, por comparação com a época passada, é ainda justificada pela presença de um internacional brasileiro à esquerda (Everton Cebolinha, 20 milhões) e um internacional português à direita, o único resistente. Rafa está no clube desde 2016 e custou 16,4 milhões de euros.

Contas feitas, importa salientar que investimento não é sinónimo de qualidade de jogo. Se assim fosse, o futebol estaria irremediavelmente condenado. Jorge Jesus soube encaixar as unidades e resolver uma questão complexa a meio-campo. De facto, Gabriel combina intensidade e qualidade de passe, libertando Pizzi para criar ao centro, como o treinador pretende. Na defesa, Gilberto estreou-se face à lesão de André Almeida e os experientes Vertonghen e Otamendi não sentiram dificuldades perante um ataque pouco inspirado do Rio Ave.

O pesadelo de Aderllan Santos

Uma palavra para esta formação orientada por Mário Silva: já fez jogos tremendos nesta temporada, sobretudo na Liga Europa e com o afastamento inglório perante o AC Milan como principal bandeira, mas assinou uma exibição modesta, particularmente no setor mais recuado, que esteve verdadeiramente irreconhecível (sobretudo Aderllan Santos - noite horrível - e o adaptado Nélson Monte). A equipa melhorou na segunda parte, é certo, mas nunca colocou em causa o desfecho do encontro.

O Benfica precisou de apenas sete minutos e de um desenho do seu quarteto fantástico para abrir as hostilidades. Rafa levantou para a área, Darwin desviou de cabeça e Everton Cebolinha, com um toque soberbo, assistiu Waldschmidt para o 0-1. André Almeida saiu devido a lesão no joelho direito pouco depois e Darwin motivou a primeira intervenção do VAR, com um golo anulado por fora-de-jogo de 19 centímetros.

À meia-hora de jogo - um jogo de sentido único - foi Luca Waldschmidt a ser apanhado em posição irregular, por 10 centímetros, adiando os festejos de um segundo golo que chegaria em cima do intervalo, espelhando o filme do encontro. Livre ofensivo para o Rio Ave, com dois defesas na frente, mau passe de Filipe Augusto e o Benfica a não perdoar. Darwin ganhou a Ivo Pinto e Waldschmidt concluiu com o pé esquerdo para o 0-2.

Benfica segura e mata o jogo

O Rio Ave procurou correr atrás do tempo perdido na etapa complementar e logrou incomodar Vlachodimos, que respondeu com uma grande defesa. Tarantini levantou e Lucas Piazón ficou perto do golo numa das melhores oportunidades da equipa local. A outra chegaria já ao minuto 78, com Gilberto a oferecer o corpo para travar a ameaça de Gabrielzinho.

Cada vez mais no contra-golpe, o Benfica continuou a procurar o terceiro golo. A defesa vila-condense não conseguiu encontrar o antídoto para o poderoso Darwin Núñez – teve um fora-de-jogo assinalado num lance em que o árbitro chegou a assinalar penálti -, que viria a ser substituído por Seferovic. O suíço entrou para a reta final e, numa das primeiras ações em campo, cabeceou contra o corpo de Borevkovic. Na recarga, Gabriel fixou o resultado final.