O FC Porto não tinha necessidade de ter acabado em sofrimento, depois de ter exercido um domínio enérgico durante a maior parte do jogo, desperdiçando várias oportunidades para ter uma noite tranquila. Só que não marcou e foi motivando os algarvios que acabaram o jogo ao ataque e a obrigar Sérgio Conceição a acabar o jogo com três centrais para segurar o golo solitário de Taremi (veja aqui o filme e a ficha de jogo).

A preparação do jogo foi marcada por situações que condicionaram as escolhas dos dois treinadores. No Farense, Sérgio Vieira continua sem ter todos os jogadores aptos devido a condicionantes físicas e no FC Porto, Sérgio Conceição debate-se com alguns casos de covid-19, que têm afetado o grupo de trabalho.

Face à onda de lesões que tem afetado, principalmente, o setor recuado do Farense, Sérgio Vieira voltou a adaptar o médio Bura a central, tendo ao lado o capitão Cássio Scheid. No miolo, Fabrício Isidoro lesionou-se nos treinos que antecederam o jogo e deu lugar a Filipe Melo no onze inicial. O covid-19 retirou a Sérgio Conceição cinco jogadores, com dois deles a serem, por norma, primeiras escolhas: Sérgio Oliveira e Luis Diaz. Nanu, Romário Baró e Evanilson são os outros três que também estiveram indisponíveis, por esse motivo. Taremi, expulso frente ao Benfica, reapareceu em grande após suspensão cumprida no jogo da Taça da Liga e Otávio, que falhou os encontros com o Benfica e o Sporting, esteve de volta, após superar a infeção ao novo coronavírus.

Com um corredor direito muito dinâmico, onde Manafá e Corona dispunham sempre de muito espaço, o FC Porto entrou determinado e instalou-se no meio-campo algarvio, obrigando o conjunto de Faro a recuar. Depois de Marega ter desperdiçado logo no início, após jogada de Corona, pelo mesmo lado, agora através de Manafá fez estragos à passagem do quarto de hora: o lateral ganhou a linha de fundo e colocou a bola rasteira e de forma perfeita para a finalização de Taremi, que ganhou posição para surgir solto no interior da área. Uma vantagem que se tornava previsível, face ao domínio intenso dos campeões nacionais.

Atordoados com a forte entrada dos dragões, os algarvios raramente conseguiam colocar a bola no último terço ofensivo e só conseguiu pela primeira vez colocar em algumas dificuldades a defensiva do FC Porto num pontapé de canto de Amine, com a  bola a ir ao braço esquerdo de Corona, gerando muitos protestos nas hostes algarvias. Depois de ouvir o VAR, Manuel Mota mandou seguir.

Paulatinamente, o Farense tentou sair do sufoco e foi pisando terrenos mais avançados e Amine voltou a destacar-se com um remate forte, que não passou longe do alvo, perto da meia-hora de jogo. Antes, Corona voltou a estar em evidência, com um remate de primeira parado de forma superior por Defendi e depois servindo Marega, com a bola a terminar novamente nas mãos do guarda-redes, que antes do intervalo ainda deteve um remate em jeito de Otávio, que levava a direção certa.

Antes do intervalo e depois do FC Porto ter refreado a reação algarvia e à procura do segundo golo, Stojiljkovic desmentiu esse cenário, com um remate em zona frontal, com Mbemba a dificultar. Perto do apito para o descanso, Taremi perdeu a hipótese de festejar pela segunda vez, quando correu desde a linha divisória do meio-campo em direção à baliza algarvia, mas em vez de rematar, preferiu servir Corona, mas o lance perdeu-se num corte de Ryan Gauld. O descanso veio, não sem antes Corona voltar a criar perigo, num cruzamento perfeito para a cabeça de Zaidu, que passou perto do poste direito da baliza algarvia, numa primeira parte de domínio (praticamente) total dos dragões.

Para a segunda metade, Sérgio Vieira lançou Cláudio Falcão para o lugar do pouco móvel Filipe Melo, mas tal não foi conseguido.  Depois de um cabeceamento de Stojiljkovic para as mãos de Marchesín, os dragões voltaram ao domínio avassalador e Defendi foi adiando o segundo golo, com intervenções de grande classe: Otávio, por duas vezes, e Marega foram frustrados nesses intentos.

O golo da tranquilidade portista não aparecia e Sérgio Vieira foi refrescando o ataque, com a diferença mínima a dar alguma esperança à sua equipa. E a dez minutos do final, os algarvios colocaram em causa a grande superioridade dos campeões nacionais, com um corte de Mbemba e Hugo Seco, na mesma jogada, a acertarem nos ferros da baliza de Marchesín, depois num remate de Cláudio Falcão do meio da rua, que passou perto do poste esquerdo.

Ficou o aviso e Sérgio Conceição, de imediato, estreou Carraça para o lugar de Manafá, que saiu lesionado, e colocou mais um central, Diogo Leite, ao lado de Mbemba e Pepe. Foi hora de trancar as portas - que foi conseguido - depois de tanto desperdício... e os dragões deixaram assim a companhia do Benfica.