Larga espera tem 100 dias. Na verdade, quase 100. 95 dias depois, o FC Porto voltou ao Dragão e agarrou a liderança isolada quase oferecida em bandeja pelo Benfica, acabado de empatar em Portimão.

No regresso à casa de partida, a equipa de Sérgio Conceição levou três pontos muito graças à inspiração de Corona e passou a ter dois de vantagem sobre o rival.

Desengane-se, porém, quem pensa que ao agarrar a sua maior vantagem desde o início da Liga o líder mostrou unhas se segurar no topo de forma convincente.

Esta noite, o dragão começou inspirado, suspirou pelo segundo golo durante demasiado tempo e acabou ofegante, encostado às cordas por um Marítimo desinibido, apesar da linha de cinco defesas.

Alex Telles voltou ao onze, Manafá foi desviado para a lateral direita e, ainda mais determinante, Corona subiu uns metros no terreno, para a ala onde está mais perto da baliza e é mais capaz de fazer a diferença.

Uma diferença enorme isto de contar com o talento do mexicano onde ele verdadeiramente faz mais falta, já que o resto da equipa foi sobretudo transpiração.

Um futebol-combate em que o mexicano cria, volta a criar e Marega, sobretudo, desperdiça.

De resto, houve a meia distância de Sérgio Oliveira. Há também bolas paradas, onde o FC Porto é efetivamente a equipa mais perigosa da Liga e… mais combate.

O Marítimo, por sua vez, colocou o FC Porto em sentido. Dos raides de Maeda e Nanu, às tentativas de Tagueu, os madeirenses foram farejando o empate quase até ao final e acreditaram um pouco mais quando Alex Telles acabou expulso nos minutos finais por protestos.

Conceição apelou ao pragmatismo. Primeiro, mudou para um 4-3-3 e já sem Telles acabou com cinco defesas a segurar a vantagem mínima.

Ainda assim, houve tempo para ver a estreia prometedora de Fábio Vieira, que tal como Diogo Leite saltou de um banco onde havia cinco miúdos da formação.

O jogo teve som e ritmo de treino, condizente com a falta de ambiente que uma porta fechada implica.

É o futebol com eco. Salvou-se aquele suspiro de Corona.

Se há elogio a fazer ao FC Porto, é o de não tremer em demasia na hora do aperto. Perante as debilidades dos dois candidatos, talvez seja essa frieza e capacidade de sacrifício que acabe por fazer a diferença nas oito jornadas que faltam.