O Moreirense regressou este domingo às vitórias na  Liga à custa de um Marítimo que começa a revelar pouca capacidade no fundo da tabela. Os madeirenses perderam por 2-0, mas criaram oportunidades suficientes para vencer o jogo, que encararam com muito coração e pouca cabeça. 

Uma falta de eficácia de sangue frio que não faltou aos vimaranenses, em especial a Filipe Soares, que abriu e fechou o marcador, selando um triunfo que deixa os cónegos com a permanência cada vez mais perto de ser alcançada, e que mantém a lanterna-vermelha nas mãos da equipa insular. 

Se do lado do Moreirense Vasco Seabra levou a jogo o mesmo onze inicial apresentado na última jornada, que terminou com um empate frente ao Belenenses, já o Marítimo foi obrigado, face às ausências por lesão de Zainadine e Pelágio, a fazer regressar René Santos ao eixo da defesa e a lançar o médio italiano Beltrame, que assim se estreou na Liga. 

Obrigados a vencer para não passar mais uma jornada em zona de despromoção, a equipa madeirense entrou melhor na partida, pressionado alto e criando as melhores oportunidades para desfazer o marcador. Winck deixou o primeiro aviso, logo ao minuto 4, aquecendo as mãos do guardião Pasinato, que volvidos pouco mais de dez minutos, viu o esférico passar com perigo ao lado da sua baliza na sequência de um cabeceamento de Joel Tagueu, após um bom cruzamento de Hermes na marcação de um livre, na ala esquerda.

O Moreirense passou por alguns apuros, mas aguentou-se bem. E depois de ameaçar desde a meia distância, com um remate fraco de Rafael Martins, chegou ao golo intermédio de Filipe Soares, aos 23 minutos. O médio rematou ao poste, que devolveu a bola ao jogo em ótimas condições e, na insistência, Yan voltou a cruzar para Soares cabecear para o fundo das redes. 

Milton Mendes pensou um pouco e à meia hora de jogo mudou de estratégia, desfazendo o sistema de três centrais. Karo deixou o eixo da defesa entregue a Leo Andrade e René, para permitir a entrada de Rafik, que foi jogar nas costas de Joel e Alipour.

Mas a mudança praticamente não surtiu efeitos em termos ofensivos. Os poucos lances de relativo perigo criados pelos madeirenses até ao intervalo resultaram de lances de bola parada, que foram bem cobertos pela defesa vimaranense. 

O golo sofrido abalou claramente a equipa do Marítimo, reforçando a confiança do Moreirense. Os cónegos, antes do descanso, até estiveram perto de chegar ao segundo, em lances que denotaram intranquilidade no último reduto dos locais, que Walterson soube explorar.

Ambos os técnicos operaram mudanças para a etapa complementar, com Vasco Seabra a retirar o amarelado D'Alberto, por troca com Abdoulaye Ba, e com Milton Mendes a deixar Alipour nas cabines para a entrada do extremo Milson.

Esperava-se o tudo ou nada por parte do Marítimo para reentrar na discussão do resultado e foi o que aconteceu. Emoção não faltou na segunda metade do jogo, disputada em modo de parada e resposta, e com lances de golo a rondar ambas as balizas, com destaque para a de Pasinato, que se encarregou de negar o empate com grandes intervenções a remates de Rafik (60m) e Rodrigo Pinho (79m). Joel Tagueu, pelo meio, ainda falhou a melhor oportunidade de todas, cabeceando para fora quando tinha a baliza à sua mercê. 

O Marítimo jogava notoriamente com o coração, disputando todos os lances como se fossem se o jogo estivesse prestes a terminar. Aos 82 minutos, a esperança renasceu, momentaneamente, pois o golo que daria o empate, anotado por Leo Andrade, acabou por ser anulado por 33 centímetros, por fora de jogo de Rodrigo Pinho, que havia cabeceado antes do desvio do central.

A formação madeirense fez praticamente tudo o que estava ao seu alcance para merecer este golo, mas o futebol, como é sabido por todos, é feito de eficácia. O Moreirense soube sofrer e esperar pela hora certa para desferir o golpe de graça, que foi servido a frio, aos 89 minutos, com o ‘bis’ de Filipe Soares, que isolado na cara de Amir, picou a bola para o fundo das redes, apagando o que restava da chama madeirense.