Sofrer, marcar e gerir. Assim se resume a vitória do Marítimo sobre o Sp. Braga deste sábado, que foi selada com um golo de Rodrigo Pinho, já perto do final da partida da 32.ª jornada da Liga e que assegurou a permanência da formação insular entre os grandes do futebol português.

A equipa de Abel Ferreira, que ficou arredada da luta pelo terceiro lugar, jogou mais de 60 minutos com mais um elemento, na sequência da expulsão de Getterson, já perto do final da primeira metade. E dominou em todos os capítulos do jogo, menos no da finalização. Já o conjunto de Petit, que voltou a ter um fantástico Charles, soube ser solidário e sobretudo, paciente na espera do momento certo para desferir o golpe que mais lhe interessava.    

Como esperado, o Sp. Braga assumiu as rédeas do jogo e procurou chegar ao último terço com um futebol apoiado, baseado em processos simples e executados com rapidez. Mas o Marítimo, jogado na expetativa com um bloco recuado e solidário entre linhas, foi fechando bem os caminhos para a baliza de Charles, que se encarregou de fazer o resto quando os colegas não conseguiam corresponder.

A equipa de Abel Ferreira foi protagonizando os principais lances de perigo, mas sem assustar verdadeiramente uma formação bem organizada defensivamente, embora ineficaz no ataque, ou melhor, no contra-golpe e nas bolas paradas, armas que desde cedo indicou virem a ser as únicas que disponha para tentar chegar ao golo.

Foi preciso esperar pelo último quarto de hora da primeira parte para se encontrar outros motivos de interesse num jogo que estava amarrado em excesso a pormenores táticos. O Marítimo já estava a subir mais vezes no terreno, e com mais perigo, mas acabou por sofrer dois reveses inesperados. Aos 32 m, o capitão Edgar Costa, foi forçado a sair do terreno de jogo, na sequência de uma lesão sofrida na marcação de um pontapé de canto, e seis minutos depois, a equipa de Petit ficou reduzida a dez elementos por força da expulsão de Getterson.

Numa primeira instância, o árbitro Manuel mostrou a cartolina amarela ao avançado verde-rubro na sequência de uma marca, cometida perto da linha de meio campo sobre o central Pablo Santos. Mas acabou por reverter a decisão para vermelho, depois de ser convidado a visionar as imagens do VAR. A saída de campo de Getterson demorou algum tempo e fez-se sob protestos, sobretudo vindos da bancada.

Em superioridade numérica, o domínio do Sp. Braga acentuou-se até ao apito para o descanso, mas Wilson Eduardo, aos 44 m, e Paulinho, já nos descontos, não conseguiram bater um enorme Charles, que acabou por ser o grande responsável pelo nulo ao intervalo e pouco depois do reatamento.

O Sp. Braga regressou a todo o gás das cabines mas voltou esbarrar no guardião brasileiro do Marítimo. Aos 50 m, um cruzamento-remate de Sequeira tinha tudo para trair Charles, mas com uma intervenção que merece ser revista de todos os ângulos possíveis, desviou para canto, antes de cair quase em qualquer apoio para dentro da baliza.

A formação minhota não desistiu e intensificou a procura procura do golo que, a acontecer, sentenciaria o marcador. Mas o tudo ou nada de Abel Ferreira em prol do ataque ora foi esbarrando em Charles ou numa falta de pontaria que tinha tudo para ferir emocionalmente quem tanto atacava.

Mas acabou por ser a enorme exposição ofensiva dos bracarenses que acabou por ser fatal. O «golpe de graça» chegou aos 82 m. Com todas as linhas muito subidas, uma escorregadela de João Palhinha, ainda antes do meio-campo, deixa Rodrigo Pinho com a bola e com espaço aberto para arrancar na direção da baliza de Tiago Sá. E no frente-a-frente com este, o ex-avançado dos minhotos picou-lhe a bola por cima…

Ainda havia oito minutos para jogar, mas mesmo com os quatro de descontos, a equipa de Abel Ferreira acusou claramente o golo, em claro contraste com o conjunto de Petit, que foi buscar ainda mais forças e uma frieza irrepreensível para gerir o resultado até apito final.