O Rio Ave marcou dois dos três golos do jogo, mas foi o Marítimo a sair com a vitória de Vila do Conde na abertura de 2020. A equipa de José Gomes contrariou o domínio imposto pelos homens de Carvalhal durante quase todo o jogo e chegou à vitória a oito minutos dos 90, por Getterson, de penálti.

Castigo demasiado pesado para quem jogou mais e melhor. Para quem viu dois golos anulados por fora de jogo no antes e depois do lance decisivo: o primeiro por 20 centímetros, o outro por… seis.

O mar pode servir de inspiração para Rio Ave e Marítimo, de tão perto que têm o oceano de si no dia a dia. As últimas ondas de 2019 não trouxeram vitória no adeus mútuo à Taça da Liga e regresso ao campeonato querer-se-ia com mais três pontos. Sorriram aos insulares, que passaram Belenenses e Moreirense, com o Rio Ave a ver gorada a hipótese de resgatar o quinto posto ao V. Guimarães.

Carvalhal deu a primeira titularidade a Piazón e Ronan na Liga esta época e, sem o castigado Filipe Augusto, abdicou do duplo pivô ao meio. Do outro lado, José Gomes voltou às opções habituais e mudou meia dúzia em relação ao duelo com o Penafiel.

As primeiras ondas de futebol foram dadas pelo Rio Ave, superior na primeira parte. Piazón e Taremi são acréscimo de qualidade individual ao coletivo e estiveram no golo anulado à meia hora. Um lance sublime que merecia valer por duas razões: a beleza do momento e o ascendente dos vilacondenses em jogo. Mas foi festa em vão. Ao fim de três minutos, Manuel Oliveira, com indicação do VAR, assinalou fora de jogo de Bruno Moreira, que assistira Piazón para golo.

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A expectativa que resultou na reversão do lance não apagou o Rio Ave, que entrara forte. Logo ao minuto dois, Taremi cabeceou ao ferro. Depois, o iraniano e Nuno Santos ficaram perto do golo. Entre isto, os leões da Madeira só tiveram em dois remates de Bebeto perigo à baliza de Kieszek, aplicado e seguro.

Com um jogo mais sóbrio, de bola no pé, a contrastar com um Marítimo de bolas longas para a velocidade de Nanú e Correa, o Rio Ave voltou a cheirar o golo num lance que Ronan desperdiçou: acabou agarrado à perna esquerda e rendido por Bruno Moreira. Já com o número nove em campo, Bambock quis fintar o mundo, mas Piazón viu Amir manter o nulo.

O Marítimo pouco fez e recorreu muito à falta: foram 16 em 45 minutos, para quatro do Rio Ave e a ida para o descanso foi tudo menos pacífica, acabando com a expulsão do adjunto Jorge Mendonça.

A alma demonstrada pelo Rio Ave manteve-se no reatamento, mas faltou o afinco de outrora para finalizar. Apesar do domínio na posse e nos ataques, as reais ocasiões mostraram um Marítimo mais perto do golo. Aos 56 minutos, Rodrigo Pinho desviou na cara de Kieszek, mas ao lado.

A corrente marítima ofensiva baixou na última meia hora, à boleia do frio, mas se os merecimentos são relativos, verdade é que o Marítimo apanhou a onda certa contra o rumo do jogo ao minuto 82, num penálti assinalado por puxão de Diego Lopes a Edgar Costa que Getterson aproveitou.

O Rio Ave não baixou a guarda na desvantagem e só os centímetros impediram a festa. Bruno Moreira marcou, mas o árbitro, numa espera imensa, anulou o 1-1 num fora de jogo cirúrgico a Tarantini quatro minutos depois e nada mudou nos oito minutos de compensação.