*por Rui Paiva

Um jogo de loucos nos Açores. O Boavista e Santa Clara empataram a três bolas, num jogo onde ambas as equipas estiveram a vencer e onde ambas conseguiram reverter desvantagens. O golo do empate do Santa Clara só chegou no último suspiro do jogo.

Indo ao filme do jogo. Ambas as equipas entraram determinadas e dispostas lutar pelo domínio no jogo, mas a primeira oportunidade de perigo pertenceu à equipa da casa, logo aos 8 minutos. Contra-ataque rápido dos açorianos, Lincoln assiste Carlos Júnior, que apareceu livre de desmarcação na área, mas a finalização de primeira saiu por cima da baliza contrária. Ficava o aviso.

No desenrolar dos primeiros minutos, o Boavista conseguiu agarrar a posse de bola e instalar-se no meio-campo contrário. A equipa de Jesualdo Ferreira, aflita na classificação, assumia a pressão do encontro diante de um Santa Clara, que apesar de já ter assumido a intenção de chegar à Europa, está tranquilo no campeonato.

Foi nesse registo que o Boavista conseguiu inaugurar o marcador aos 17 minutos. E logo com um golaço! Elis pegou na bola, temporizou à entrada da área, desviou um adversário do caminho e rematou forte para o fundo das redes contrárias. Estava feito o 1-0.

Com o golo, a tónica do jogo alterou-se. O Boavista recuou as linhas e virou as atenções para a organização defensiva. O Santa Clara, por seu turno, procurou subir no terreno e explorar a profundidade. O jogo tornou-se mais repartido.

Com o passar do primeiro tempo e estando em desvantagem, o Santa Clara foi aumentando a intensidade do jogo e procurou forçar a aproximação à baliza adversária. Aos 31 minutos, após cruzamento de Allano, Carlos Júnior atirou, mas a bola embateu nas malhas laterais.

O Boavista a vencer procurou manter as linhas compactas para tapar as investidas açorianas. Mas a equipa de Jesualdo Ferreira não deixou de explorar o contra-ataque. Aos 36 minutos, os axadrezados levaram perigo à baliza de Marco num contra-ataque que culminou com a finalização de Sauer, que saiu ao lado das redes contrárias.

Mesmo no cair do pano do primeiro tempo, o Santa Clara iria chegar ao empate com uma ajuda decisiva da defesa do Boavista. O lance parecia inofensivo: cruzamento para área, corte muito defeituoso de Porozo, que mais foi uma assistência perfeita para Lincoln rematar para o fundo da baliza de Leo Jardim. Ao intervalo, tudo empatado.

A veia goleadora demonstrada pelos açorianos no final do primeiro tempo iria ser transportada para o início do segundo tempo. Cinco minutos decorridos após o intervalo, livre muito tenso batido por Lincoln e finalização de cabeça de Carlos Júnior. Estava feita a reviravolta no marcador.

 O jogo tornou-se mais intenso, mais agressivo, mas menos bem jogado. Sucederam-se as picardias e as discussões, e fruto disso, Nuno Santos, suplente do Boavista que estava a aquecer, foi expulso.

Aos 69 minutos, chegaria o golo do empate. E se o Santa Clara já tinha beneficiado de erros defensivos do adversário, agora foi a vez da sorte sorrir ao Boavista. Livre do meio da rua de Sauer, a bola bate no poste, resvala para as costas de Marco e vai para o fundo das redes. Autogolo do guarda-redes do Santa Clara e tudo empatado outra vez.

O golo motivou os jogadores do Boavista, que iriam mesmo reverter o marcador. Aos 75 minutos, a dupla atacante axadrezada voltaria a provocar estragos na defesa açoriana. Combinação entre Paulinho e Elis e o avançado hondurenho, isolado, atirou para o terceiro da equipa da Boavista. 2-3 no marcador num jogo de loucos nos Açores!

Até ao final do encontro, o Santa Clara procurou forçar o golo, através de várias bolas bombardeadas para área. Numa dessas, os açorianos iriam mesmo chegar ao empate. Cruzamento de Sagna e Fábio Cardoso foi lá frente mostrar como se faz: cabeçada forte e novamente tudo empatado nos Açores. Poucos segundos depois, o árbitro apitou para o fim do jogo. Talvez se não o tivesse feito, ainda estava a acontecer golos nos Açores.