Alô, Alô Europa! Daqui é dos Açores.

O Santa Clara garantiu a presença na Liga Conferência Europa após vencer categoricamente o Farense por 4-0 nos Açores. Uma qualificação às custas da descida de divisão do Farense. Uma exibição de luxo dos açorianos, que dizimaram o esforço da equipa de Jorge Costa.

Mas vamos por partes. Na antevisão ao encontro, falava-se de que este poderia ser um dos jogos mais importantes da história do Santa Clara – e os adeptos corresponderam.

Quando a equipa açoriana chegou ao estádio de São Miguel, foi brindada com uma receção apoteótica de várias dezenas de adeptos que gritavam pelo clube. Ao longo de todo o jogo, os adeptos permaneceram na berma da estrada que dá acesso ao estádio, agitando bandeiras, entoando cânticos e batendo palmas. Também fizeram questão de erguer uma longa faixa para que os jogadores se apercebessem do que estava em causa: “bravos rumo à Europa!”, lia-se no manto branco.

Mas o jogo não era menos importante para o Farense. Aflitos na classificação, o derradeiro jogo poderia significar a permanência entre os melhores do futebol português ou a queda para a segunda liga da equipa de Jorge Costa.

Talvez devido à importância do jogo, durante a primeira parte o encontro desenrolou-se como se de um xadrez tático se tratasse. Os açorianos tiveram mais posse de bola, trocando o esférico ao longo de todo o campo. O Farense procurou pressionar alto o Santa Clara e explorar o contra-ataque.

Com ambas as equipas a falhar no último passe, foram escassos os lances de perigo. O primeiro pertenceu ao Farense. Uma bola na área do Santa Clara, Fabrício Isidoro, descaído na direita, recebeu com o peito e rematou antes de a bola cair no chão. Marco ficou pregado ao chão e o tiro foi certeiro à barra.

O Santa Clara, quando respondeu, foi fatal. Assistência de Rafael Ramos na ala direita e Cryzan, na área, encostou de primeira para o fundo das redes. Aos 33 minutos, ataque dos açorianos, Rafael Ramos (sempre incansável o lateral!) assiste que Cryzan, que, sem marcação, encostou de primeira para o fundo das redes. Estava feito o 1-0 nos Açores.

O jogo desenrolou-se morno e foi preciso esperar pelos 42 minutos para ver novo lance de perigo. Lance aparentemente inofensivo, Tomás Tavares quis parar no peito para o guarda-redes, mas quase que fez a assistência perfeita para Cryzan.

O brasileiro ainda desviou para a baliza, mas valeu Beto com uma defesa enorme a evitar o segundo golo dos açorianos.

Mas mesmo ao cair do pano do primeiro tempo, o Santa Clara iria mesmo chegar ao segundo golo. Aos 45 minutos, excelente combinação do ataque açoriano, a Morita, com grande classe, fez um túnel ao defesa do Farense, destruiu a defesa adversária, e, com toda a calma do mundo, finalizou com sucesso para o fundo das redes. Vitória justa do Santa Clara ao intervalo, apesar da vantagem de dois golos ser penalizadora para o Farense.

Na retoma, o Farense evidenciou que não iria deitar a toalha ao chão. Aos 53 minutos, Fabrício Isidoro, num grande remate de fora da área, esteve perto de fazer um golão, mas a bola saiu ao lado.

Contudo, com o jogo de feição, o Santa Clara não facilitou: manteve a posse de bola, manteve a organização e explorou o contra-ataque.

Foi num contragolpe que os açorianos iriam sentenciar o encontro aos 59 minutos.  Enorme abertura de Lincoln, grande desmarcação de Allano, que, na cara de Beto não facilitou e atirou para o 3-0. Aí o jogo parecia resolvido: o Farense era relegado para segunda divisão e a Europa estava cada vez mais perto para os açorianos.

Mas o Santa Clara não quis ficar por aqui. Aos 63 minutos, novo ataque da equipa de Daniel Ramos e novo golo. Assistência de Cryzan e Carlos Júnior, o homem golo da equipa, atirou para o quarto.

Com 4-0 no marcador, o jogo baixou de intensidade. As contas estavam feitas. O Santa Clara foi controlando a posse de bola e jogando com o tempo, perante um Farense resignado. A partir daí, as duas equipas apenas esperavam pelo apito final. Mal chegou esse apito, a tristeza dos atletas do Farense contrastou com a enorme festa dos açorianos e até fogo de artificio houve. Assim é o futebol.