Um açor imperial voou alto e derrotou o leão. O Santa Clara venceu o Sporting por 3-2, nos Açores, numa exibição de grande nível da equipa de Tiago Sousa. O Sporting não conseguiu contrariar a estratégia açoriana – e até esteve a vencer por duas vezes. Os leões não perdiam desde 15 de Maio e Rúben Amorim só tinha provado o sabor da derrota com Benfica e Porto. Feito (quase) inédito nos Açores!

Mas vamos ao filme do encontro. No início, as duas equipas pareciam estar em patamares idênticos. Seria o mote para todo a partida. O Santa Clara começou a pressionar alto e a trocar a bola ao longo de todo o campo. Nem parecia estar a atravessar um período de turbulência, comandando por um treinador interino, que já é o terceiro técnico esta época. O campeão nacional, por outro lado, com as linhas mais recuadas e sem impingir intensidade, não começou o encontro no registo de campeão nacional.

Mas de nada serviu o bom arranque do Santa Clara. Aos 10 minutos, os leões, com pézinhos de lã, chegaram ao golo de forma inesperada. Palhinha teve espaço na zona central e de fora da área encheu o pé, rematou forte e surpreendeu Marco. Excelente golo do médio a colocar o Sporting em vantagem no marcador. Aos 15 minutos, o Santa Clara ainda tentou reagir. Cryzan furou pela área e, já em esforço, rematou com o bico de pé para fora.

Desde cedo que os açorianos sentiram falta de Villanueva, habitual patrão da defesa, cuja ausência por castigado deixou um buraco no miolo da defensiva insular. Aos 17 minutos, Pote quase aproveitou as fragilidades da defesa contrária, mas o remate não saiu enquadrado.

Apesar da vantagem, o Sporting teve sempre dificuldades em ‘agarrar’ o jogo. O Santa Clara, por seu turno, manteve uma exibição personalizada. Aos 27, numa jogada em que a bola passou por quase todos os jogadores, Lincoln tocou de calcanhar para Jean Patric, este driblou dois adversários e, na cara de Adán, atirou ao lado.

O arrojo da exibição açoriana iria ser recompensado. Aos 30 minutos, Jean Patric não desperdiçou e cabeceou certeiro para o fundo das redes após cruzamento de Sagna. 1-1 e justiça no marcador.

Após o golo sofrido, o Sporting subiu no terreno e procurou assumir a posse de bola. Através da zona central, os leões conseguiram chegar com perigo à baliza de Marco, mas falharam no último passe. Ao longo de toda a primeira parte, o Sporting não conseguiu contrariar a estratégia açoriana e só conseguiu criar perigo através das individualidades.

Na segunda parte, manteve-se a tónica da primeira: o jogo começou equilibrado, o Sporting marcou primeiro, mas o Santa Clara não se deixou ficar e empatou de seguida. Indo por partes. Primeiro, aos 50 minutos, numa excelente combinação, Pedro Gonçalves, após trabalhar na esquerda, cruzou para um remate de primeira de Sarabia que só acabou no fundo da baliza.

Mas os adeptos Sporting, que nunca se calaram ao longo do jogo, mal tiveram tempo de celebrar. Um minuto depois, excelente jogada protagonizada pela dupla Jean Patric/Lincoln, com o último a disparar cruzado para o empate no marcador.

O jogo manteve-se equilibrado. O Sporting assegurou o domínio da posse de bola, mas o Santa Clara nunca deixou de procurar chegar à baliza de Adán. A equipa leonina mostrou uma desorganização pouco habitual, permitindo que a equipa de Tiago Sousa aproveitasse os espaços para lançar contra-ataques que deixaram a defesa em sentido.

O campeão, com o passar do tempo, foi-se aproximando da baliza contrária, mas sempre sem grande discernimento. Aos 69, os leões criaram perigo através de um remate de Sarabia que terminou com uma boa defesa de Marco.

O Sporting carregou, despejou bolas para a área, mas os açorianos, com espírito de sacrifício e em esforço, foram afastando o perigo. Mas estando os leões balanceados na frente, deixaram espaços por explorar. E o Santa Clara explorou na perfeição. Aos 78 minutos, contra-ataque vertiginoso conduzido por Lincoln, o brasileiro assistiu na perfeição Ricardinho, que fuzilou Adán. Estava feito o 3-2 e consumada a reviravolta no marcador.

O Sporting, até ao final do jogo, procurou levar perigo à baliza contrária, mas mais com o coração do que com a cabeça. O Santa Clara, por seu turno, soube sofrer e aguentar a vitória até ao final. E sofreu até ao fim: aos 90+4 Paulinho esteve a centímetros do golo, mas não acertou com as redes contrárias.