O Sporting terminou a Liga com os 86 pontos que Jorge Jesus nunca antes tinha alcançado. Um registo extraordinário que não basta, ainda assim. Como não bastou mais uma vitória com selo de qualidade em Braga, perante um adversário em inferioridade ainda na etapa inicial (0-4).

Os leões ficaram a dois pontos do tricampeão Benfica, que respondeu em igual medida no Estádio da Luz e terminou com 88. As águias têm ainda mais golos marcados – perdem por um nos golos sofridos – e maior número de vitórias.

O que faltou então, se é que faltou alguma coisa, a este Sporting para chegar ao desejado título? É certo que a Liga virou quando o Benfica venceu o dérbi em Alvalade mas a equipa de Jorge Jesus tinha feito melhor na Luz e termina com vantagem no confronto direto.

FICHA DE JOGO E NOTAS

A grande diferença entre Sporting e Benfica residiu nos pontos perdidos frente a equipas da segunda metade da tabela.

O líder acumulou quatro derrotas mas frente a conjuntos europeus (duas com FC Porto, uma com Sporting, uma com Arouca). A exceção foi o empate na Madeira, frente ao União, onde o os leões fizeram pior: desaire pela margem mínima.

O despromovido União deu assim um ponto de vantagem ao Benfica, mas tal não bastaria para esta história. A maior falha na estratégia foi acreditar que um ponto é um mal menor, com o Sporting a ir averbando um número desaconselhável de empates: 5 contra 1 do rival.

Um ponto não é estratégia de campeão

A Liga perdeu-se nas igualdades, quer em palcos onde o Benfica venceu com golos providenciais (Estádio D. Afonso Henriques/V. Guimarães e Estádio do Bessa/Boavista), quer em pleno relvado de Alvalade, perante Paços de Ferreira, Rio Ave mas igualmente o Tondela, da segunda metade da tabela. Esse não foi o espetacular Sporting de que Jesus fala.

Os leões fizeram ainda assim uma Liga extraordinária - sobretudo por comparação com o passado recente - com vários desempenhos de qualidade superior. Algo que deve orgulhar os seus adeptos, embora com o inevitável sentimento de desilusão.

DESTAQUES DO JOGO: BRYAN RUIZ, CLARO

Jorge Jesus teve como prioridade clara o campeonato e fico a dois pontos. Venceu a Supertaça de Portugal mas tal não basta para justificar o rótulo de uma campanha espetacular. Se a Liga foi extraordinária, é igualmente verdade que o Sporting ficou na fase de grupos da Taça da Liga, nos oitavos de final da Taça de Portugal e nos 16avos de final da Liga Europa.

Tendo como ponto de comparação o adversário deste domingo, o Sp. Braga chegou às meias-finais da Taça da Liga, à final da Taça de Portugal e aos quartos de final da Liga Europa. Nessas três provas teve um desempenho superior, sem gerir recursos de forma tão declarada.

Paulo Fonseca, de qualquer forma, admitiu que a prioridade nesta altura é a final da Taça de Portugal e mudou algumas peças. Poucas, é certo, mas os arsenalistas foram de menos para um Sporting que se recusou a vergar até ao apito final.

Bryan Ruiz desenhou a goleada em Braga

O jogo no Municipal de Braga terminou com 7.500 adepto leoninos a cantar pela sua equipa, mesmo com o título a ser festejado da Luz, e a locomotiva verde e branca a contentar-se com uma goleada desenhada por Bryan Ruiz.

Bryan Ruiz falhou em momentos decisivos, é certo, mas foi uma das melhores unidades do Sporting ao longo da temporada. Nesta 34ª jornada, por exemplo, assistiu Téo Gutiérrez para o primeiro golo, esteve no segundo, assistiu William no lance da expulsão de Arghus e marcou os últimos dois.

Arghus foi uma das novidades no onze do Sp. Braga, já que Boly está lesionado e André Pinto não se apresenta a cem por cento (jogou com máscara). O brasileiro ficou apenas 24 minutos em campo, vendo o vermelho por derrubar William Carvalho no limite da área.

Por essa altura o Sporting – com João Mário no lugar de Adrien – já vencia pela margem mínima mas sabia que o Benfica tinha acabado de marcar frente ao Nacional. Perdia-se a esperança.

A carregar pelo flanco esquerdo, os leões chegaram ao 0-2 num cabeceamento de Slimani (que época do argelino!). O Sp. Braga, reduzido a dez elementos, ia baixando a guarda e Paulo Fonseca pensava no amanhã. A seguir ao intervalo, por exemplo, trocou Rafa por Pedro Santos.

Islam Slimani serviu Bryan Ruiz para o terceiro golo ao minuto 71 e o internacional pela Costa Rica encheu o pé pouco depois para dobrar o registo e selar a goleada.

O ambiente nas bancadas foi serenando após confusão no final da primeira parte (inevitável, com adeptos das duas equipas misturados em vários setores) e o duelo terminou com desportivismo no relvado e a equipa do Sporting a agradecer o incansável apoio dos seus.