O FC Porto chega ao Natal de 2015 na liderança isolada da Liga, algo inédito no legado de Julen Lopetegui. O treinador espanhol passa a encarar um cenário de pressão invertida, olhando os adversários de cima para baixo.

Danilo Pereira, Aboubakar e Herrera garantiram o triunfo frente a Académica, Rui Pedro marcou o golo de honra dos estudantes.

Perante o desaire do Sporting na Madeira, frente ao União – equipa que foi goleada pelo FC Porto mas que respondeu com empatou com o Benfica e venceu o Sporting -, os dragões tiveram a oportunidade de repetir uma experiência não vivida desde 1 de dezembro de 2013.

À 11ª jornada da Liga 2013/14, a formação então orientada por Paulo Fonseca perdeu em Coimbra perante esta Académica e disse adeus à liderança isolada da Liga. Helton, Maicon, Herrera e Varela são os resistentes desde essa altura, há cerca de dois anos.

Com a sexta vitória consecutiva – e o 30º jogo sem perder na prova - o FC Porto ultrapassa o Sporting antes do clássico e termina 2015 no trono.

Julen Lopetegui, como seria de certa forma expectável, sacrificou Marcano perante o nítido mau momento do central. O defesa espanhol até marcou ao Nacional, na jornada anterior, mas ficou na retina um erro gravíssimo (entre outros) que podia ter custado pontos ao FC Porto. Entrada fora de tempo na área portista, passível de grande penalidade, não assinalada.

Com o clássico à porta, o treinador do FC Porto não fez mais alterações no onze e manteve Rúben Neves, mesmo com o médio em risco para o jogo com o Sporting. O ataque ficou novamente a cargo de Brahimi-Aboubakar-Corona, o tridente que vai cimentando posição no onze.

A Académica surgia no Estádio do Dragão sem Leandro Silva nem Gonçalo Paciência, jogadores cedidos pelo clube portista. A equipa de Filipe Gouveia vinha de um triunfo frente ao Belenenses (4-3) e uma derrota amarga com o Boavista (1-0) para a Taça de Portugal, no Estádio do Bessa, a meio da semana.

Entrar em campo para a liderança

O desafio estudantil apresentava um elevado grau de dificuldade, acrescido por um evento que acrescentou emoção à partida. As equipas estavam a aquecer quando o líder Sporting queimava os últimos cartuchos para evitar a derrota frente ao União, na Madeira (1-0). Em vão.

O FC Porto entrou assim com a liderança ao seu alcance e correu para a felicidade. Sem perder tempo, sem contemporizar, sem cair na tentação de um facilitismo já visto em instantes decisivos. Desta vez não.

Um Dragão competente, acutilante, direto ao assunto. A entrada forte foi coroada com o primeiro golo ao sétimo minuto de jogo. Canto de Layún na esquerda, cabeçada de Danilo Pereira, Pedro Trigueira a defender para dentro.

Não era noite de serviços mínimos, ainda assim. A equipa portista continuou a pressionar, rondando a área contrária. Brahimi e Corona, sobretudo, mas igualmente Layún e Danilo Pereira. Com Rúben Neves mais contido que o habitual – talvez a fugir a uma infração que o retirasse do clássico - o médio recrutado ao Marítimo cresceu e assinou uma exibição de grande nível.

Curiosamente, seria um jogador altamente cobiçado pelo Sporting no defeso (Bruno de Carvalho chegou a criticar o negócio Marítimo e FC Porto) a trilhar o caminho para a alteração no topo da tabela classificativa da Liga.

A Académica sentia dificuldades para responder à pressão azul e branca. Esboçou uma reação ao minuto 25, quando Rafael Lopes surgiu na grande área – sem sequência -, mas só ameaçou Iker Casillas nos instantes finais da primeira metade.

A diferença mínima acarretava riscos de Julen Lopetegui não estava disposto a correr.

Layún volta a assistir e Herrera pinta o quadro

O FC Porto entrou na segunda parte como entrara na primeira e voltou a recorrer ao laboratório para aumentar a distância em relação ao adversário. Miguel Layún bateu um livre para a área e Aboubakar confirmou o reencontro com os golos, após o festejo solitário em Santa Maria da Feira.

Dois lances de bola parada, duas assistências de Layún (chegou a 7 na Liga, igualando Gaitán), dois golos de cabeça. Fórmula simples para o sucesso.

Filipe Gouveia foi procurando abanar a sua equipa com entradas de Hugo Seco, Rui Pedro e Rabiola. Pouco ou nada mudou.

Ao minuto 73, Jesus Corona provou que a sua arte faz mais sentido que a velocidade de Tello no estilo de jogo do FC Porto. Encarou Ofori, trocou as voltas ao lateral e ganhou espaço para o cruzamento. Herrera respondeu com o golo de calcanhar. Magia de Natal com toque mexicano por parte do novo líder do campeonato.

Rúben Neves saiu logo depois - sem o amarelo indesejado - e Brahimi não evitou o mesmo caminho – fez apenas cinco jogos completos e manifesta algum desconforto quando é substituído.

Haveria espaço para a estreia de André Silva, a promessa de golos no clube portista, num cenário ideal. Mas Lopetegui achou que não, para desalento dos adeptos do FC Porto, que gritaram pelo seu avançado. Estranho cenário.

A Académica marcou o seu golo de honra por intermédio de Rui Pedro – Rabiola estava em posição irregular no momento da tabela com o companheiro de gola – nos minutos finais do encontro.