*Enviado especial a Turim

Por muito que as autoridades tentem envolver a cidade através de cartazes, outdoors e publicidade, a eliminação frente ao Benfica parece ter sido um golpe demasiado severo.

Turim é por estes dias uma cidade divorciada de facto com a final da Liga Europa.

Mais do que estar contra o Benfica, está noutra. A Gazzetta dello Sport, por exemplo, não dedica uma linha do jornal diário à final da Liga Europa. Nas rádios os noticiários de desporto abrem com o recorde de pontos da Juventus, falam de Immobile (jogador do Torino), de basquetebol e até de um torneio de golfe em Roma. Da final da Liga Europa, lá está, nem uma palavra.

O Maisfutebol passeou pelo centro da cidade, deu um salto ao Juventus Stadium e em lado nenhum encontrou um bocadinho que fosse de atmosfera de final europeia. É verdade que é apenas segunda-feira, mas mesmo assim é estranho. Curiosamente não fomos os únicos.

Francisco Vilela e Maria Antunes viajaram de carro desde Riachos, perto de Santarém, para ver o Benfica na final da Liga Europa. Meteram sete dias de férias e chegaram no domingo.

Ele passeia-se de camisola do Benfica e também acha estranho.

«Ninguém diz nada, ninguém olha para a camisola, nada. Está tudo muito morto», garante. «Podiam dizer
ah, o Benfica, e tal, podiam comentar, podiam até mandar uma boca ou outra, mas nada. Não se vê ninguém importado com esta final.»

Luigi Sampietro passeia no centro comercial do Juventus Stadium com o neto: o pequeno veste uma camisola da Juventus com o nome de Vidal nas costas.

Em conversa com o Maisfutebol, admite que sim, que não há um entusiasmo evidente pela final da Liga Europa. Pelo menos para já. «Se a Juventus estivesse na final, seria diferente.» Não está, claro. «Assim as pessoas perderam um pouco o interesse. Toda a gente queria a Juventus na final.»

«O Benfica afastou-nos desta final. Como podemos apoiá-lo?»

Giorgio Brum é um senhor com mais de sessenta anos. Sentado numa esplanada a ler a Gazzetta dello Sport, reconhece ser um caso diferente. «Talvez as pessoas ainda estejam magoadas pela eliminação da Juventus. Eu gosto de ter cá a final. Até já tenho bilhete para ir ver o jogo na Curva Nord. Quem vou apoiar? Não vou apoiar ninguém. Mas preferia que ganhasse o Sevilha.»

Luigi Sampietro também tem a mesma preferência. «Prefiro que ganhe o Sevilha», atira, antes de soltar uma gargalhada. «O Benfica afastou-nos desta final. Como podemos apoiá-lo?».

Francisco Vilela e Maria Antunes só esperam que a coisa anime. Meteram férias para aproveitar mais do que isto.

«O ano passado fomos a Amesterdão e era diferente, tinha mais entusiasmo. Notava-se que as pessoas andavam mais envolvidas com a final. Também era uma cidade mais bonita, Turim é um pouco cinzenta e sem cor. Mas mesmo assim podia haver mais animação.»

Maria Antunes vai até mais longe.

«Hoje encontrámos uns polícias no centro da cidade, perguntamos-lhe onde era a zona de concentração dos adeptos do Benfica e não sabiam. Nesta altura parece-me impossível isso não estar definido. Acho é que eles não estão a dar atenção ao jogo.»

Giorgio Brum acredita que a coisa vai mudar.

«Ainda é muito cedo e hoje é segunda-feira, é um dia mais morto porque muito comércio está fechado. No dia do jogo isto vai estar bem melhor.»

É melhor que sim porque para já, mais do que animosidade ao Benfica, há indiferença.