Diretor-executivo da Liga, Tiago Madureira mostrou-se esta quinta-feira desagradado quanto à situação da centralização dos direitos televisivos.

Durante um debate que decorreu no ISCTE, o dirigente afirmou que Portugal está «no sentido contrário na autoestrada» em relação aos outros países europeus.

«Ninguém sabe quando isto [de centralizar os direitos] vai acontecer, quando o mercado vai conseguir responder a isso. Nós [Portugal] somos, literalmente, o carro que vai no sentido contrário na autoestrada. Na Europa, quase todas as ligas [de futebol] e competições de outras modalidades têm os seus direitos centralizados», disse, citado pela Lusa.

Segundo Madureira, tomar o passo da centralização «terá um forte impacto financeiro, uma vez que vai gerar mais dinheiro e um produto melhor». «Mas o grande impacto que vai ter em Portugal será um caderno de encargos de obrigação, para que todos percebam que o maior ativo tem de ser tratado de forma conjunta», acrescentou.

«Centralização dos direitos audiovisuais, é disso que estamos a falar. É muito mais alargado e é algo que não se restringe ao jogo de futebol, aos 90 minutos. É muito mais alargado e estende-se à competição, às plataformas e às formas de consumo, que são adaptadas de uma forma muito acelerada. Temos de ser capazes de ajustar isso», prosseguiu.

A terminar, Tiago Madureira lembrou o exemplo de Espanha: «Há uma situação particular em Portugal. Os clubes venderam contratos à NOS e à Altice e depositaram os contratos na SportTV. Todos os clubes estão proibidos de vender os seus direitos a partir da época 28/29, que é quando termina o último contrato. A maior parte dos casos são as ligas que entendem que este é o caminho, de gerar mais competição. As ligas ou se entendem e, com o aval de todos, estabelecem um acordo. Ou, como em Espanha, temos uma intervenção governamental e decide-se. Sei que os direitos devem ser centralizados.»