Na Liga 2013/14 registaram-se nove «chicotadas psicológicas», centradas em seis clubes, e dois terços tiveram sucesso. Quer isto dizer que seis destas trocas trouxeram melhores resultados, e apenas três técnicos não fizeram melhor do que os sucessores: Luís Castro, Jorge Paixão e Paulo Alves.

A análise restringe-se apenas ao campeonato, reforce-se. E dos três casos em que não houve melhoria, aquele em que houve uma diferença menor foi precisamente o FC Porto. Paulo Fonseca saiu ao fim de 21 jornadas, nas quais fez 43 pontos (68 por cento do total de pontos possível). Luís Castro trocou depois a equipa B pela formação principal dos «dragões», e fez 18 pontos em nove jornadas, ligeiramente abaixo do seu antecessor (67 por cento).

O caso do Sp. Braga é diferente. Jesualdo Ferreira saiu após a 20ª jornada, com 27 pontos (45 por cento), mas Jorge Paixão, recrutado ao Farense, fez pior: 10 pontos em 30, o que dá 33 por cento.

A outra «chicotada» que não resultou foi a troca de Abel Xavier por Paulo Alves. Se o primeiro fez um terço (33 por cento) dos pontos em disputa – 8 em 24 -, o sucessor conseguiu apenas seis por cento (um ponto apenas em seis jogos).

O Olhanense acabou depois por trocar Paulo Alves por Giuseppe Galderisi, que conseguiu uma melhoria dos resultados, amealhando 31 por cento dos pontos que disputou, mas ainda assim insuficiente para evitar a despromoção.

O que valia Abel Xavier e a preponderância de Couceiro e Lito

A esse propósito aponte-se uma curiosidade: a média de pontos de Abel Xavier (33 por cento) seria suficiente para o Olhanense garantir a permanência, uma vez que o Belenenses, a primeira equipa acima da «linha de água», fez 31 por cento dos pontos em disputa (28 de 90).

Mas importa também analisar as mudanças no Belenenses, que ganhou sempre com as trocas de treinador. Ainda que a primeira tenha sido forçada, devido ao problema de saúde de Mitchel van der Gaag, que continuou a trabalhar de perto com a equipa. Mas esta análise teve em conta apenas os jogos em que o holandês esteve no banco, e que foram cinco (3 pontos em 15, o que dá 20 por cento).

Seguiu-se Marco Paulo, que comandou a equipa em dezoito jogos, conseguindo uma ligeira melhoria (26 por cento dos pontos). Mas o grande «salto» para a permanência foi dado por Lito Vidigal, que em sete jogos conseguiu 52 por cento dos pontos.

Uma média de nível europeu, diga-se, tendo em conta que Manuel Machado apurou o Nacional para a Liga Europa fazendo exatamente metade dos pontos em disputa.

José Couceiro conseguiu semelhante marca (49 por cento) no Vitória de Setúbal, clube que assumiu após a 7ª jornada, substituindo José Mota, que amealhou apenas 24 por cento dos pontos.

Falta falar do Paços de Ferreira, que conseguiu a permanência no «playoff», na conclusão de uma temporada em que teve três treinadores. O primeiro foi Costinha, que fez 17 por cento dos pontos, seguindo-se Henrique Calisto, que subiu a produção para 25 por cento, um valor que ainda assim não garantia a continuidade no principal escalão. Jorge Costa surgiu depois para alcançar esse objetivo, conseguindo 37 por cento dos pontos.

Efeito das «chicotadas», com base na percentagem de pontos conquistados na Liga:

FC PORTO
Paulo Fonseca: 43 pontos em 63 (68 por cento)
Luís Castro: 18 pontos em 27 (67 por cento)

V. SETÚBAL
José Mota: 5 pontos em 21 (24 por cento)
José Couceiro: 34 pontos em 69 (49 por cento)

SP. BRAGA
Jesualdo Ferreira: 27 pontos em 60 (45 por cento)
Jorge Paixão: 10 pontos em 30 (33 por cento)

BELENENSES
Mitchell van der Gaag: 3 pontos em 15 (20 por cento)
Marco Paulo: 14 pontos em 54 (26 por cento)
Lito Vidigal: 11 pontos em 21 (52 por cento)

PAÇOS DE FERREIRA
Costinha: 4 pontos em 24 (17 por cento)
Henrique Calisto: 9 pontos em 36 (25 por cento)
Jorge Costa: 11 pontos em 30 (37 por cento)

OLHANENSE
Abel Xavier: 8 pontos em 24 (33 por cento)
Paulo Alves: 1 ponto em 18 (6 por cento)
Giuseppe Galderisi: 15 pontos em 48 (31 por cento)

«Ranking» de todos os treinadores da Liga 2013/14 (percentagem de pontos conquistados):
Jorge Jesus, 82%
Leonardo Jardim, 74%
Paulo Fonseca, 68%
Luís Castro, 67%
Marco Silva, 60%
Lito Vidigal, 52%
Manuel Machado, 50%
José Couceiro, 49%
Pedro Martins, 46%
Jesualdo Ferreira, 45%
Sérgio Conceição, 41%
Rui Vitória, 39%
Jorge Costa, 37%
Nuno Espírito Santo, 36%
Pedro Emanuel, 34%
João de Deus: 34%
Jorge Paixão, 33%
Abel Xavier, 33%
Giuseppe Galderisi, 31%
Marco Paulo, 26%
Henrique Calisto, 25%
José Mota, 24%
Van der Gaag, 20%
Costinha, 17%
Paulo Alves, 6%