Elevador a funcionar transportando emoções. Três anos depois o Desportivo de Chaves sobe de divisão, regressando à Liga; o Moreirense segue o caminho inverso descendo de divisão depois de oito temporadas entre os grandes do futebol português. O triunfo cónego na 2.ª mão do play-off (1-0) foi insuficiente para anular a vantagem (2-0) alcançada em Trás-os-Montes.

O golo de Paulinho, aos 25 minutos, ainda relançou a eliminatória, deu uma réstia de esperança aos cónegos, mas o Desportivo de Chaves teve estofo para aguentar, regressando assim à 1.ª divisão. O play-off volta a ser penalizador para equipa teoricamente mais forte, premiando o conjunto de segundo escalão.

O Moreirense teve algum ascendente no jogo, muito à base da crença e pelo facto de entrar em campo em desvantagem, o Desp. Chaves de Vítor Campelos ameaçou tremer a meio da primeira parte, mas segurou-se e na segunda metade esteve irrepreensível defensivamente, segurando a desvantagem mínima naquela que será a derrota mais saborosa da sua história.

Bola cá, bola lá: cónegos com esperança

Apesar de os dados já estarem lançados desde Chaves depois do jogo da 1.º mão, a verdade é que o jogo deste domingo foi similar à primeira mostra. Em vez do esperando ascendente cónego, o jogo foi de parada e resposta, ainda que com natural mais crença – e nervosismo à mistura – por parte do Moreirense.

Ainda assim, a equipa de Sá Pinto, que não esteve no banco, saiu para o intervalo com metade da tarefa cumprida. Um golo de Paulinho, e que grande golo, relançou os pratos da balança, reforçou a esperança cónega e provocou um pouca a dúvida num conjunto flaviense que entrou em campo tranquilo, ciente da vantagem de dois golos e a saber jogar com isso.

Por duas vezes a equipa de Vítor Campelos ameaçou a baliza de Kewin com muito perigo. Na primeira o guarda-redes do Moreirense respondeu com uma boa defesa ao cabeceamento de Alexsandro na sequência de um pontapé de canto; à segunda foi Artur Jorge a dar o corpo à bola para evitar o golo na pequena área.

Chaves fecha a porta da sua baliza

Ficou mais cirúrgico o jogo, tendo também o seu peso os estados de espírito. Estando em vantagem na eliminatória, O Chaves tinha a tal desconfiança para combater. Tendo esperança com a vantagem no marcador, o Moreirense não deixava de estar por baixo da eliminatória. Teve de se jogar com estas emoções, que se foram exacerbando com o evoluir do cronómetro.  

Neste capítulo foi mais forte o conjunto flaviense. O Chaves trancou a sua baliza com uma prestação defensiva praticamente sem reparou, com Alexsandro a ser monstruoso na reta final ao controlar vários lances coma  sua estampa física. Apertou o cinto o Desportivo, preparando a subida.

O topo norte festejou a subida juntamente com os jogadores do Desportivo de Chaves, cumprindo-se a profecia entoada há uma semana em Chaves e esta noite em Moreira de Cónegos: «É para a primeira!» Três anos depois o principal escalão do futebol português volta a marcar presença para lá do Marão.