Jonas fez um  hat-trick na Madeira e foi a figura do jogo, mas o golo de Mitroglou que sentenciou a partida também foi importante para as... estatísticas. Com o remate do grego, o Benfica alcançou a marca dos 45 golos marcados na primeira volta e tornou-se o ataque mais concretizador dos «encarnados» na metade inicial de um campeonato desde 1989/90.

Este número só é superado pelos 46 golos de um ataque do qual faziam parte Magnunsson, Chalana e Vata. No final da primeira metade do campeonato, essa equipa, comandada por Sven-Goran Eriksson, tinha marcado mais um golo que o conjunto de Rui Vitória e fixou uma média recorde de 2,7 golos por encontro.

Com a goleada na Choupana, as «águias» de 2015/16 fecharam as primeiras dezassete jornadas com 2,65 golos por jogo, um registo assinalável tendo em conta que ficaram em branco em quatro dos jogos, mais um que a equipa do treinador sueco.

Em relação à classificação: em 1989/90, o Benfica terminou a primeira volta no terceiro lugar com 27 pontos, mas a dois da liderança do FC Porto (pelo meio estava o Vitória de Guimarães). No final do campeonato, mesmo com o ataque mais concretizador, o treinador sueco não conseguiu ser campeão, algo que só iria acontecer na temporada seguinte.

O ataque de Jesus superado na primeira tentativa

Ora por falar em Jorge Jesus, é interessante comparar as estatísticas do ataque do antecessor de Rui Vitória com o do atual técnico, tendo sempre em conta que só na última temporada, JJ disputou pelo Benfica um campeonato com 18 equipas. Por isso vamos basear-nos na média (golos/jogo) para fazer a comparação.

Em 2014/15, ano de bicampeonato e já com 18 conjuntos na divisão principal, Jesus fechou a primeira volta na liderança, com mais seis pontos que atualmente, mas menos quatro golos (2,41 golos/jogo).

Com o campeonato disputado por 16 clubes, Jesus fez médias próximas do ataque de Rui Vitória em 2012/13 e 2009/10, com 2,60 golos por jogo.

O ataque composto por Saviola e Cardozo, em época de estreia do técnico da Luz, marcou 39 golos em 15 jogos e saiu na liderança para a segunda volta. Apenas dois nulos nessa metade de temporada: em Braga e Alvalade.

Nesse ano,  o título ficou na Luz e não mais Jesus voltou a superar esta média. Em 2012/13, na temporada que teve maio como o mês das desilusões, Lima, Rodrigo e Cardozo foram as figuras e os maiores «culpados» pelos mesmos 39 golos marcados que na estreia do técnico.

Nos outros três anos de águia ao peito, Jorge Jesus andou longe destes registos ofensivos e no ano do título em 2013/14, o ataque do Benfica «apenas» marcou 29 golos.

Registo ofensivo na primeira volta de Rui Vitória no Benfica:
2015/16 – 45 golos e média de 2,65 golos/jogo (17 partidas)

Registo ofensivo em primeiras voltas de Jorge Jesus no Benfica: 
2014/15 – 41 golos e média de 2,41 (17 partidas)
2013/14 – 29 golos e média de 1,93 (15 partidas)
2012/13 – 39 golos e média de 2,6 golos/jogo (15 partidas)
2011/12 – 38 golos e média de 2,53 golos/jogo (15 partidas)
2010/11 – 30 golos e média de 2 golos/jogo (15 partidas)
2009/10 – 39 golos e média de 2,6 golos/jogo (15 partidas)



Ainda sobre o reinado de Jorge Jesus no Benfica e analisando as primeiras dezassete jornadas de cada época do treinador, concluímos que apenas na primeira temporada o treinador superou os 45 golos de Rui Vitória, festejando por 47 vezes. (somando os números das duas primeiras jornadas da segunda volta)

Nem em ano de título alguém fez melhor 

Entre 1989/90 e 2015/16 estão 25 temporadas e nunca ninguém conseguiu alcançar os números dos comandados por Rui Vitória. Nem em anos de título (para além dos de Jorge Jesus) o Benfica conseguiu ser tão produtivo na primeira metade.

A taça de campeão ficou na Luz por seis vezes (três com Jesus) desde que Eriksson fixou a melhor média de golos marcados nas rondas iniciais e a primeira aconteceu pelas mãos do sueco em 1990/91.

O Benfica fechou a primeira volta com 40 golos marcados e uma média de 2,1 golos/jogo, num campeonato que foi disputado por 20 clubes, portanto um registo alcançado em 19 jornadas. Não era líder no final da primeira metade do campeonato, mas conseguiu ultrapassar o FC Porto na parte final.

Com Trapattoni, os «encarnados» marcaram só 28 golos, fechando a primeira volta com 31 pontos, em igualdade pontual com FC Porto e Sporting, mas no terceiro lugar, devido à diferença de golos. Um registo inferior à maior parte dos ataques dos últimos 26 anos, mas que chegou para levar o «caneco» para casa.
Nuno Gomes, Karadas e Mantorras eram os homens do ataque do italiano, mas Simão Sabrosa foi o nome maior, beneficiando das bolas paradas para se destacar.

Em 1993/94, com Toni ao leme, o Benfica ergueu o título no final, e já na primeira volta liderava, com 39 golos e uma média de 2,29 golos por jogo. Sabem quem brilhava? João Vieira Pinto, Isaías e Rui Costa!

Registos do Benfica em primeiras voltas em ano de título desde 1989/90 (registos de Jorge Jesus estão em cima):
2004/05 – 28 golos e média de 1,65/jogo (17 partidas) – Giovanni Trapatonni
1993/94 – 39 golos e média de 2,29/jogo (17 partidas) - Toni
1990/91 – 40 golos e média de 2,10/jogo (19 partidas)*- Sven-Goran Erickson
*campeonato disputado com 20 clubes

Entre os não-campeões, ganha... Graeme Souness

Dos anos em que não foram campeões no período entre 1989/90 até à chegada de Jorge Jesus à Luz, em 2009, quem conseguiu um ataque mais mortífero na primeira volta foi... Graeme Souness. O escocês nada conquistou na Luz, mas na segunda época que lá esteve (1998/99) conseguiu realizar uma boa primeira metade e terminou a três pontos do FC Porto, com 37 golos marcados (2,17 golos/jogo).

A época terminaria com o pentacampeonato dos «dragões» e com o Benfica no terceiro lugar a 14 pontos da liderança, com o Boavista pelo meio. Foi na segunda metade da época que Souness perdeu o «comboio» do título, mesmo tendo no ataque Nuno Gomes, que foi o segundo melhor marcador da Liga, com 24 golos. Mário Jardel foi o «rei» com 36 golos.

A Souness, segue-se o ataque de Fernando Santos, com uma média de 2,13 golos por jogo, na temporada de 2006/07. Nesse ano, o Benfica foi também terceiro classificado, virando o campeonato na mesma posição, com 32 golos marcados em 15 partidas (campeonato foi jogado neste formato entre 2006/07 e 2013/14).

Em 2002/03 e 2003/04, o Benfica conseguiu também na primeira volta ter médias igual a dois golos por jogo. Nas duas épocas terminou atrás do FC Porto na corrida ao título e fechou as primeiras dezassete jornadas de cada ano com 34 pontos, sempre a nove do rival, que fez 45. Marcou igualmente o mesmo número de golos: 34 em 17 jogos.

Registos do Benfica na primeira volta em anos que não foi campeão (antes de 2009/10):
2008/09 – 25 golos e média de 1,66/jogo (15 partidas)
2007/08 – 26  golos e média de 1,73/jogo (15 partidas)
2006/07 – 32 golos e média de 2,13/jogo (15 partidas) – Fernando Santos
2005/06 – 25 golos e média de 1,47/jogo (17 partidas)
2003/04 – 34 golos e média de 2/jogo (17 partidas)
2002/03 – 34 golos e média de 2/jogo (17 partidas)
2001/02 – 26 golos e média de 1,53/jogo (17 partidas)
2000/01 -  29 golos e média de 1,71/jogo (17 partidas)
1999/00 - 23 golos e média de 1,35/jogo (17 partidas)
1998/99 – 37 golos e média de 2,17/jogo (17 partidas) – Graeme Souness
1997/98 – 24 golos e média de 1,41/jogo (17 partidas)
1996/97 – 31 golos e média de 1,82/jogo (17 partidas)
1995/96 – 29 golos e média de 1,70/jogo (17 partidas)
1994/95 – 32 golos e média de 1,88/jogo (17 partidas)
1992/93 – 26 golos e média de 1,52/jogo (17 partidas)
1991/92 – 27 golos e média de  1,59/jogo (17 partidas)



Rui Vitória é então o treinador do Benfica com o melhor ataque numa primeira volta no século XXI e fixa-se como o ataque mais concretizador dos últimos 26 anos ao serviço das «águias», sendo Jonas (veja  AQUI os números do avançado) o seu melhor amigo neste capítulo, com 18 golos em 17 partidas.