Manuel Machado, treinador do Nacional, comentou desta forma a derrota com o Rio Ave na Madeira, em encontro referente à 34.ª jornada da Liga 2020/21. A equipa insular foi despromovida para o segundo escalão.

«Relativamente ao jogo, aquilo que me preocupava e que tentei transmitir aos jogadores, era para mantermos a compostura. Perdemos o objetivo há uma semana, e por isso podia haver alguma tendência para algum relaxamento e falta de profissionalismo. Mas aquilo que o jogo me diz é que nada disso aconteceu, a equipa bateu-se e manteve o profissionalismo e a postura. Havia três emblemas na tentativa de alcançar a manutenção, e por isso não queríamos que dissessem amanhã que o Nacional, sem objetivos, se apresentou no campo a jogar para nada. Relativamente aos aspetos técnicos, não foi mau. Tivemos sete ou oito jogadores dos mais experientes fora da convocatória por lesão, lançámos um jogador [Dudu] que já tinha entrado contra o Sporting e que fez um golo bem bonito, o que deixa antever que possa ter um futuro de crescimento nesta casa. Depois tivemos de suportar uma resposta muito forte do Rio Ave, que teve oportunidades para marcar, mas tivemos um excelente guarda-redes que tirou uma mão cheia de bolas de golo. Por isso, acho que o resultado ao intervalo até era ligeiramente lisonjeiro para o nosso lado. Essa pressão manteve-se no segundo tempo, e resultou num golo antes dos 80 minutos e outro já no tempo de descontos. O Rio Ave foi a equipa que mais criou e por isso penso que não há contestação à vitória do adversário.

[Resultado espelha o que foi a época?] «Se os jogos só tivessem 80 minutos, o Nacional nem precisava deste jogo para a manutenção. Até aos 80 minutos tivemos vantagem em Moreira de Cónegos, com o Benfica, pontuávamos com o Sporting… Enfim, um conjunto de jogos que, se tivessem acabado aos 80, nos garantiam mais seis ou sete pontos. Hoje, mais uma vez, o ponto que tínhamos na mão, perdemo-lo aos 94 minutos. Por isso, de uma forma transversal, a equipa não soube suportar a pressão dos adversários, e por um conjunto de fatores, acabámos por, nos 10 minutos finais, perder os tais pontos que nos garantiriam a manutenção.»

[O que falhou nesta época?] «Não posso falar do todo quando só conheço uma pequena parte. A época começou em julho e eu cheguei ao clube em março, por isso ainda nem dois meses tenho aqui. O clube fez uma primeira volta muito boa, com 21 pontos, mas depois entrou neste ciclo negativo. E esses ciclos, nesta casa ou noutra qualquer, são muito difíceis de reverter. Ainda amenizámos, mas isto acontece também noutros clubes, noutros campeonatos. Por muito que hoje, com todas as tecnologias, se possa pesar ao grama e medir ao milímetro, o futebol é muito mais que isso. É um jogo, e tem fatores incontroláveis, perfeitamente aleatórios, aquilo a que se chama vulgarmente de sorte e azar, felicidade ou falta dela.»

[Vai continuar no Nacional?] «As questões contratuais e o timing das mesmas pertence às administrações. É o contratante que define esses momentos e não o contratado. Até ao momento não houve abordagem, e a administração saberá os seus timings. Porque é uma administração com muita competência e experiência, saberá encontrar o perfil de treinador mais adequado àquilo que tem pela frente.»

[Palavras para Rúben Micael] «Já pude dizer-lhe pessoalmente. Este é um ciclo profissional que se fecha. Quando os colegas dizem que vivem 24 horas futebol eu digo intimamente “mentirosos”, porque ninguém vive 24 horas o futebol. Disse ao Rúben que fechou este ciclo, e deve encará-lo com tranquilidade, porque para lá do futebol, há muito mais vida. Tem um horizonte à frente dele fantástico para fazer outro tipo de coisas, nesta área ou noutra qualquer. Aquilo que ele deu a este clube, recebeu de volta, e aquilo que deu ao futebol, o futebol também soube retribuir. Por isso, que fique agradecido a esta riquíssima modalidade, que tem tantas coisas boas, e tem também alguns momentos menos bons.»