*por Tomás Faustino

Manuel Machado, treinador do Nacional, depois da derrota diante do Sp. Braga (2-3), no Estádio da Madeira, em jogo da 18ª jornada da Liga.

[Um bom jogo de futebol, condicionado por uma decisão do árbitro da partida?]
- Não posso ser tão redutor. Subscrevo o que disse inicialmente: acho que foi um bom jogo de futebol, aberto e com fases de supremacia de uma equipa sobre a outra, de forma alternada, e que acaba por ter um resultado que não é o mais ajustado.
O Braga tem de facto um conjunto de jogadores de grande qualidade e muito experientes. Viram como geriram os últimos sete ou oito minutos? Isso é demonstrativo daquilo que estou a dizer: jogadores experientes e muito qualificados. É uma equipa muito capaz e que, estando ligeiramente abaixo dos três grandes, está nitidamente acima da restante concorrência. Entraram com muita posse, muita circulação de bola e, por estratégia nossa, baixámos o bloco para não dar espaços aonde o Braga se movimenta de forma confortável e tentámos sair em contra-ataque. Infelizmente sofremos o golo numa bola parada, mas eles já mereciam a vantagem. Reagimos de alguma maneira e podíamos ter feito o golo mesmo antes do penalty e da expulsão. A partir daí e até ao intervalo o jogo reequilibrou-se e nenhuma equipa teve ascendente sobre a outra, por isso julgo que a divisão de pontos ao intervalo era justa.

[Segunda parte]
O segundo tempo é diferente. Beneficiando da superioridade numérica, lançámos a equipa mais para a frente tivemos uns quinze a vinte minutos muito bons. E aí só nos podemos queixar de nós mesmos! Quem constrói uma mão cheia de oportunidades de golo flagrantes e não tem o engenho, a arte, o talento ou a ponta de felicidade para concretizar, não tem que estar a culpar ninguém!
Quanto ao tal momento, é possível ter diferentes leituras e por isso não quero reduzir o jogo a ele. Embora ele seja determinante! É um livre que se pode discutir e então o amarelo ainda mais discutível é… há um desequilíbrio dos dois jogadores, um braço aqui um braço ali… mesmo que se marque falta, não se dá amarelo em momento nenhum… só pelo aparato. Infelizmente para nós, daí resultou uma boa execução. Inteligente. A barreira saltou e o Pedro Santos com uma bola rasa bate o guarda-redes que está do outro lado e nada pode fazer. Daí em diante o Braga torna a ficar confortável, com a igualdade numérica e a vantagem no marcador, passando a gerir com a tal inteligência que eu já apontei. Num erro individual o Braga faz o 3-1, não deixámos de acreditar e ainda conseguimos reduzir para 3-2. É um resultado que nos penaliza, mas para o Braga conjuga uma ponta de felicidade maior com uma inteligência e maturidade também maiores para os premiar. Não tenho muito mais para dizer e já ficam com uma bela crónica amanhã para o jornal, não é? (risos)

[Situação de pânico?]
- Não! Por aquilo que a equipa demonstrou dentro de campo, não. Podem acusar-nos de défices de talento, eficácia, isto ou aquilo, mas não o podem fazer quanto à organização da equipa. Estivemos sempre organizados e nunca revelámos falta de ambição. Quer no plano ofensivo quer no defensivo mostrámos ser uma equipa que sabe o que fazer no campo e quando assim é não há pânicos nem qualquer outra coisa do género. Há que acreditar que com os mesmos processos e com alguma ferramenta mais, nomeadamente no leque da frente para nos dar maior capacidade de concretização, as coisas de um momento para o outro viram completamente e por isso continuamos muito seguros daquilo que estamos a fazer e estamos também muito confiantes no futuro!