O FC Porto não passou no Jamor e não foi além de um nulo diante do Belenenses, num jogo que fica definitivamente marcado pelo lance, já muito perto do final, que deixou Nanu inconsciente no relvado. Ao frenesim do jogo, quando o FC Porto procurava desfazer o empate, seguiram-se momentos de apreensão e até desespero face à condição clínica do defesa do FC Porto que acabou por ser transportado para o hospital. O jogo ainda foi retomado e finalizado, sem que a equipa do Dragão, reduzida a dez, conseguisse desfazer o nulo que pode deixar o Sporting ainda mais destacado no topo da classificação.

Sérgio Conceição tinha dito, na antevisão do jogo, que estava obrigado a fazer alterações, face ao calendário da equipa e, sobretudo, devido ao desgaste que alguns elementos do plantel. Mudou quatro peças, procurando manter intata a estrutura habitual, mas encontrou pela frente um Belenenses determinado que já tinha ganho ao Sp. Braga e colocado muitas dificuldades ao Sporting.

Sérgio Conceição deixou Zaidu, Corona, Luis Díaz e Marega, os jogadores mais desgastados pela sucessão de jogos, a descansar no banco de suplentes, e procurou manter as mesmas dinâmicas com Nanu, Fábio Vieira, Felipe Anderson e Evanilson. Petit, por seu lado, montou uma equipa de combate, mantendo a habitual estrutura com três centrais e dois alas, reforçada no miolo com Cafu Phete e Sithole. Sobravam apenas Afonso Sousa e Silvestre Varela, curiosamente dois jogadores com passado portista, com alguma criatividade no apoio a Miguel Cardoso.

Ao primeiro apito de Fábio Veríssimo, o FC Porto reclamou de imediato a posse de bola diante de um adversário que se apresentava com um bloco muito baixo. Os visitantes tinham muito espaço para preparar o jogo, mas, nos últimos metros, deparavam-se com um muro azul, difícil de ultrapassar. Sérgio Oliveira e Fábio Vieira, este último em particular destaque, procuravam quebrar o bloqueio, com passes verticais, a procurar lançar Taremi e Evanilson em velocidade para o interior da área, mas o curto espaço que havia nas costas da defesa azul mal dava para os avançados embalarem.

O Belenenses entrou no jogo muito introvertido, com muitas dificuldades em sair a jogar, mas a verdade é que, com os minutos a correrem, a equipa de Petit foi ganhando confiança e ensaiou as primeiras repostas, quase sempre pela direita, com Silvestre Varela a levar o jogo para longe da sua área. O FC Porto manteve-se fiel ao processo, procurando desmontar a coesão do adversário com passes em profundidade e, num deles, Taremi caiu na área, pressionado por Gonçalo Silva, mas Fábio Veríssimo nada assinalou.

Num os poucos lances de ataque do Belenenses, Afonso Sousa tentou surpreender Marchesín, adiantado, com um balão, mas a bola passou muito ao lado. O FC Porto teve, nesta altura, um período de desconcentração e Silvestre Varela também criou perigo quando roubou uma bola a Sérgio Oliveira e procurou servir Miguel Cardoso. Mas o FC Porto voltou a cresce no último quarto de hora, com destaque para uma bomba de Sérgio Oliveira que obrigou Kritsyuk a uma defesa a dois tempos. O FC Porto voltava a crescer muito pelas iniciativas de Fábio Vieira, muito ativo, a aparecer em vários setores do campo à procura de desequilíbrios.

O FC Porto cresceu e até chegou a festejar um golo em cima do intervalo, na sequência de uma bola dividida entre Taremi e Sthole, com a bola a sobrar para Evanilson que bateu Kritsyuk com um chapéu, mas o lance acabaria por ser anulado, uma vez que o brasileiro estava adiantado, por oito centímetros.

Conceição reconstrói ataque com peças de origem

A segunda parte começou ainda sem alterações, mas com Corona, Marega e Luis Diaz, as peças de origem, a aquecer. Entrou primeiro o colombiano que abanou desde logo o jogo, com uma série de combinações com Taremi sobre a esquerda, mas Conceição não esperou muito mais e lançou também o mexicano e maliano. O FC Porto estava agora todo artilhado para atacar a baliza de Kritsyuk na máxima força.

O FC Porto voltou a reclamar um novo penálti, por falta de Tomás Ribeiro sobe Marega, mas o avançado estava adiantado. Petit também foi moldando a sua equipa para se adaptar ao novo figurino do adversário e o jogo tornou-se mais duro, mais partido, com muitas faltas a quebrar o ritmo que os visitantes tentavam impor.

O FC Porto procurava chegar rápido ao ataque, com bolas longas, mas o Belenenses, sempre que podia respondia na mesma moeda, com destaque para uma iniciativa de Miguel Cardoso que escapou aos centrais, invadiu a área, mas tanto procurou ajeitar o remate que permitiu a aproximação de Marchesín que saiu aos seus pés e anulou o lance.

Os minutos passavam a correr e o jogo estava agora elétrico, com parada e resposta, com o FC Porto a voltar a estar perto de marcar, num cruzamento de Corona que permitiu a Taremi cabecear para a defesa da noite de Kritsyuk.

Depois chegou o momento da noite, a cinco minutos do final: Nanu ao tentar chegar a uma bola, foi atingido por Kritsyuk e caiu inconsciente no relvado. Os primeiros jogadores que tentaram acudir o lateral levaram as mãos à cabeça, enquanto se tentava abrir espaço para a entrada de uma ambulância no relvado. Momentos de verdadeiro desespero no relvado.

Nanu foi mesmo transportado para o hospital e o jogo foi retomado com o FC Porto reduzido a dez. O FC Porto voltou à carga, com cinco minutos de compensação, arriscou tudo no ataque e até esteve perto de marcar, por Sérgio Oliveira, mas o nulo manteve-se intato até ao último apito de Fábio Veríssimo.