O Paços de Ferreira parece disposto a fazer do seu estádio uma fortaleza.

Os pacenses conseguiram arrancar a segunda vitória na Liga, a segunda em casa. A sorte acabou por proteger os pacenses, num jogo em que dispuseram de uma vantagem de dois golos e acabaram a correr atrás do resultado perante um Moreirense que se exibiu a um nível muito interessante.

Os cincos golos do encontro não espelham o que se jogou. Do total dos golos apontados, quatro surgiram na sequência de bolas paradas o que é sintomático da qualidade do espetáculo. Foi sim, uma montanha russa de emoções.

FICHA E FILME DO JOGO

Os castores quiserem assumir o jogo, ter bola e chegar à baliza de Jhonahan a construir desde a zona recuada. Porém, as promessas de bom futebol esbarraram na organização defensiva dos cónegos e esfumaram-se rapidamente. E começaram a surgir os primeiros assobios dos adeptos da equipa da casa.

Vasco Seabra é um treinador com uma ideia diferente. Quer que a sua equipa tenha bola e assume os ricos inerentes a essa forma de jogar. Contudo, um tipo com uma ideia diferente é sempre olhado com desdém. Pelo menos até que essa mesma ideia vingue, algo que ainda não sucedeu.

Ora, perante a incapacidade do Paços de Ferreira de criar lances de perigo, o Moreirense cresceu na partida e mostrou ao que vinha. Mário Felgueiras impediu, em duas ocasiões, que a formação de Manuel Machado materializasse a superioridade evidenciada. No fundo, o guarda-redes agarrou o Paços ao jogo.

No lance bem desenhado no corredor direito, Pedrinho aproveitou a falha de Kouao para atirar a contar. Bola ao centro, perda de bola do Moreirense, saída para o ataque do conjunto visitado e novo golo. Welthon foi carregado em falta por Rúben Lima dentro da área e o próprio encarregou-se de converter o castigo máximo.

Meia hora de jogo e o Paços de Ferreira com dois golos de avanço. Esperava-se que a equipa assentasse a bela ideia de jogo preconizada por Vasco Seabra numa fase de convalescença do adversário. Apenas se viram lampejos dessa ideia.

O Moreirense sentiu de sobremaneira os golos sofridos de rajada e contra a corrente do jogo. Porém, não virou a cara à luta. Nunca o fez durante todo o jogo e isso deve ser enaltecido. 

Rafael Costa aproveitou um erro tremendo de Bruno Santos para encurtar distâncias.

Duas equipas a precisar de pontos para fugir à cauda da tabela. Mais coração do que razão, menos racionalidade e mais espontaneidade.

E por esses motivos, o espetáculo no segundo tempo foi pobre. Valeu a emoção.

O Paços de Ferreira, ciente da importância de regressar às vitórias, comprometeu-se em gerir a magra vantagem. E por pouco, não foi penalizado.

Iago Santos igualou a partida e recolocou o Moreirense na discussão do resultado. Aouacheria, Semedo e Rafael Costa, cérebros das principais oportunidades da formação minhota, esbarram sempre em Mário Felgueiras. E claro, o Moreirense pagou um preço elevado pelo desperdício das oportunidades criadas em catadupa.

O Paços de Ferreira, de orgulho ferido, ainda conseguiu descortinar forças para fazer o tento da vitória que chegou pela cabeça de Miguel Vieira. E depois sofreu, muito. Os jogadores uniram-se e conseguiram segurar os três pontos. Pontos preciosos, sublinhe-se.

O abraço das camisolas amarelas no final espelha a união e a importância da vitória frente a um Moreirense que merecia ter saído da Capital do Móvel com um empate, pela forma como soube contornar as dificuldades que foram surgindo.

Uma vitória que também é de um treinador com uma ideia diferente.