Esta é a história de Adalberto, antiga glória do Paços de Ferreira, trocou os relvados pelo emprego de motorista numa empresa de transportes. 

«A vida deu uma volta e tive de ‘dar à perna’, mas as coisas agora estão a correr bem. Fez em março três anos que sou motorista na empresa de viação e estou bem. Para deixar o emprego e regressar ao futebol só com uma proposta muito boa e compensadora», começou por dizer Adalberto, em declarações à Lusa.

Para matar o bichinho do futebol, Adalberto treina os veteranos dos castores, clube que representou 23 anos como atleta e «mais uns quatro ou cinco» na estrutura técnica, mas num treino rompeu o tendão de Aquiles e teve de ser operado.

«Já estou de baixa há dois meses. No dia 7 tiro o gesso, começo a fisioterapia e dentro de um mês ou mês e meio devo estar apto a poder conduzir de novo», revelou. 

Na altura, o novo coronavírus só era conhecido da China, relembrou o histórico capitão pacense, de 51 anos, atualmente «muito preocupado» com o «inimigo invisível».

«A empresa entrou, entretanto, em ‘lay-off' e só estão a operar com três ou quatro colegas. Fazem viagens para o Porto e, mais recentemente, para uma empresa de confeções em Penafiel. Vejo-os de casa a passar de máscaras e luvas, mas nunca é fácil para quem conduz os transportes. É muita gente a entrar e não sabemos onde pode estar o vírus», disse.

O antigo central, que só representou o Paços na sua carreira, assegurou também que está «bem resolvido» com a vida e a profissão, bem diferente da que levava até 2013, altura em que se desligou do futebol mais a sério, quando treinava o Amarante.

«Vou para o parque às 06h00/06h15 e às 06h45 estou a sair e a começar a carreira. Já me habituei, mas, se fosse preciso, trabalhava em qualquer coisa. Aliás, cheguei a andar uns tempos com o meu irmão e ainda fiz duas semanas no IKEA antes de ir para França, onde passei dois anos e meio numa fábrica, no duro. Choque grande só foi quando o Paços abdicou dos meus serviços», contou.

Adalberto não escondeu que andou «uns tempos em baixo», sem nunca confundir as pessoas e o Paços, que continua acompanhar e a quem elogiou a recuperação classificativa, embora, por conta da pandemia, defenda a suspensão definitiva das ligas profissionais de futebol.

«Acho que vai ser tudo muito diferente [com o regresso das ligas], pois [jogar à porta fechada] é como fazer treinos à porta fechada. Não há motivação nenhuma para os jogadores e, embora reconheça que estão em causa muitas coisas, nomeadamente de ordem financeira, acho sinceramente que deveríamos ficar por aqui», referiu.