Declarações de José Mota, treinador do Paços de Ferreira, na sala de imprensa do Estádio Capital do Móvel, após a derrota com o Vizela, por 2-0, na 13.ª jornada da Liga:

«[Equipa entrou dominante, perdoou golos e sofreu na bola parada] Há coisas que nos entristecem. Este resultado é uma tristeza. Alertei durante a semana para a responsabilidade deste jogo. Como treinador, senti-me correspondido pelos atletas, olhámos para os primeiros 45 minutos e sentia-me um bom treinador, porque o que tínhamos trabalhado estava a ser assimilado. Na primeira parte, era um treinador orgulhoso, porque o trabalho estava lá. Concentrados, com mais posse, bem posicionados, duas oportunidades muito boas. Se fizéssemos golo, daria o ânimo que a equipa precisa. Fomos concentrados nas bolas paradas, um trabalho aperfeiçoado. O Paços de Ferreira foi melhor nesses 45 minutos.

A equipa estava bem, os jogadores correspondiam, ao intervalo parecíamos estar todos com a mesma dinâmica, mas um lance de bola parada, numa falta que não existe, acaba por originar o golo. O avançado [Etim] teve todo o tempo do mundo para rodar, a falta de agressividade foi decisiva. Tentamos ter alguma reação, mas 1-0 é sempre diferente de 0-0 e as boas equipas sabem jogar com resultados. Um dos nossos objetivos era não sofrer golos, e sofremos com pouco mérito do adversário. Sofremos ainda outro, um autogolo. Torna-se muito difícil, entristece qualquer treinador e adepto. Estávamos a produzir, até ao intervalo, o suficiente para estarmos em vantagem. Numa bola parada, fazem o golo e, posteriormente, o segundo.

Ali, estava sentenciado o jogo. Os atletas foram briosos, tentaram, cruzamento da direita e da esquerda, o Vizela recuou, mas existiram transições e tiveram mais uma ou duas oportunidades onde poderiam também fazer golo. Uma frustração enorme, queríamos muito mais mas não tivemos arte e engenho para dar a volta a este resultado. Como somos pessoas dignas e de trabalho e sabemos da dificuldade de conseguir vitórias, que nesta fase são muito mais difíceis, vamos continuar a trabalhar de forma séria.

[Como se explicam os minutos seguintes ao primeiro golo, em que parece que a equipa desligou?] Sabem o que é estar a perder há tantos jogos? Não é fácil, é para homens mesmos. Depois de 45 minutos em que sentimos que o jogo estava do nosso lado, na primeira situação da segunda parte há golo. E como é que a equipa reage? Começa a pairar a dúvida: ‘outra vez? Já vi este filme’. Ninguém gosta de ver o mesmo filme. Não é fácil para quem está lá dentro. Depois, sofremos logo o segundo golo. Não é fácil. Bonito é quando se ganha, a alegria, as coisas sucedem naturalmente. Quando se está cá em baixo, é preciso apelar a muitos mais adjetivos para sair daqui. Somos homens de caráter, tenho uma equipa de caráter, devia ser mais agressiva mas isso são outras questões. Se calhar homens com mais peso ou experiência... Mas são os homens que temos, há muitos jovens aqui que estão a ter uma boa escola, em termos de aprendizagem, estar nesta posição ajuda em termos psicológicos no futuro.

[Mês de paragem] É muito bom. Para o Paços de Ferreira era o melhor que podia acontecer, vamos ter de trabalhar muito.»