José Mota, treinador do Paços de Ferreira, em declarações na sala de imprensa do estádio Capital do Móvel, após a derrota contra o Marítimo, em jogo da 11.ª jornada da Liga:

«Falhou muita coisa. Quero dizer que a primeira parte foi muito má em todos os aspetos. Não vale a pena tapar o sol com a peneira. É um facto. Pior do que fizemos na primeira parte deve ser quase impossível. Temos de ter este sentimento. Foi mau em muitos aspetos.

Foi mau porque perdemos os duelos quase todos, o adversário venceu todas as bolas paradas e num desses lances, marcou. Devíamos ter sido mais agressivos, sofremos golo de forma infantil. Nunca fomos uma equipa organizada nem tivemos atitude mental para mudar o jogo. Os primeiros 45 minutos foram maus. A equipa não teve convicção nem ambição. Estávamos a perder justamente.

O Marítimo não tem responsabilidade dos nossos erros, tem é de aproveitá-los. O 1-0 ao intervalo era lisonjeiro. A segunda parte foi completamente diferente. Não só pelas alterações. Fomos mais rigorosos, mais convictos, tivemos atitude e abordagens diferentes aos lances. Tivemos mais bola, fomos mais organizados e conseguimos uma série de remates. Fomos diferentes.

Cabe-me ir à procura de explicações, mas também de alterar este tipo de situação. Vamos ter de saber o porquê. Foi demasiado mau. Tenho de admitir que sou o responsável. O que aconteceu hoje é da minha responsabilidade, mas não sou só eu o responsável. Vamos tentar perceber o que se passou para uma primeira parte tão má.

Estamos a perder identidade, uma coisa que custa tanto a ganhar. Estamos a perder a mística, o que é o Paços. Preocupa-me que isso se perca jogo após jogo. Este jogo era de extrema importância. Houve ansiedade, mas não só. Houve falta de atitude. Porquê? Temos de vencer os duelos e quem ganhou os duelos foi o Marítimo. Trabalhámos os lances de bola parada, mas esse momento exige concentração. Como é que queremos ganhar? Só quisemos ganhar na segunda parte?

A responsabilidade é de todos. Estou aqui para mudar esse tipo de mentalidade. Se quiserem mudar, muito bem. Caso contrário, não estou aqui a fazer nada. Se acharem que está tudo bem, não estou aqui a fazer nada.

Todos têm obrigação de mudar. Portanto, este é mais um jogo em que a responsabilidade é de todos. Não é só do treinador. Nem é só o treinador que perde. Enquanto não tiverem todos esta responsabilidade, é difícil alcançar os objetivos. As vitórias vão dar muito trabalho.»