A despromoção já estava confirmada, o jogo com o Rio Ave não tinha muito interesse, mas havia algo que este Paços de Ferreira ainda tinha de fazer: honrar o símbolo, terminar com dignidade e cair de pé, como César Peixoto havia pedido na antevisão. E assim foi.

Os pacenses deram uma lição de compromisso no relvado e bateram os vilacondenses por 3-1, este domingo, num jogo onde tiveram uma força mental notável e souberam lidar com as adversidades, algo que tanto falhou em 2022/23.

Do mal o menos, e os pacenses conseguem sair do último lugar, relegando o Santa Clara para essa posição que ninguém deseja. A despedida da Liga faz-se no próximo fim de semana, em Braga. Já o Rio Ave, falha o objetivo de chegar à metade superior da tabela.

O FILME DO JOGO

Havia uma certa expectativa para perceber como a equipa pacense iria ser recebida pelos adeptos e é certo que foram ouvidos alguns protestos junto ao banco dos visitados, mas a maioria dos presentes nas bancadas optou por aplaudir os jogadores, apesar da má temporada.

Era, também, expectável que a formação de César Peixoto entrasse com vontade de chegar ao golo e que tentasse ganhar algum ânimo para suar a camisola durante mais 90 minutos.

Assim foi. Logo no primeiro minuto, o perfume de Gaitán iniciou a jogada e Zé Uilton cruzou para o golo de Nigel Thomas. O brasileiro ficou lesionado e ainda estava a ser assistido fora das quatro linhas quando os vilacondenses chegaram ao empate.

Isso mesmo, nem houve tempo para respirar. Patrick William avançou no terreno e apareceu na área – qual ponta de lança – a finalizar após cruzamento de Costinha.

As duas equipas mostraram que sabem tratar bem a bola e destacaram-se em posse, tendo-se visto uma primeira parte equilibrada, mas onde as melhores oportunidades até foram dos visitantes, que viram Marafona negar o golo em duas ocasiões, ambas com defesas à andebol.

Em cima do intervalo, Aderllan Santos foi salvo pela bandeirola, depois de ter marcado na própria baliza.

O mesmo não aconteceu logo no terceiro minuto de jogo após o intervalo, quando o defesa-central brasileiro voltou a ser infeliz. Gaitán liderou mais uma vez a jogada, armou o remate no corredor central e a bola desviou em Aderllan, tendo traído Magrão.

Os festejos do golo foram comedidos e no estádio viveram-se sentimentos contraditórios. Se uma pequena parte, atrás do banco de suplentes, não poupava nas críticas a César Peixoto e ao plantel, os restantes – muitos deles crianças – deram uma lição de bem-estar e entoaram vários cânticos de apoio, acompanhados por palmas.

O golo sofrido serviu de alerta para a equipa de Luís Freire, que adotou uma postura ainda mais ofensiva. Contudo, devido a isso, a equipa foi apanhada algumas vezes em contrapé e permitiu um par de situações aos pacenses, sendo que uma delas culminou em novo golo anulado aos castores.

Apesar disso, os visitantes não se inibiram, Freire apostou em mais armas para o ataque e só a tarde inspirada de Marafona impediu que os vilacondenses empatassem ou até passassem para a frente do marcador.

À entrada para os últimos 10 minutos, o Paços pôde respirar melhor. Hélder Malheiro não deixou passar em claro uma carga sobre Tiago Ribeiro na área – mesmo após o VAR recomendar que visse as imagens – e assinalou penálti. Na cobrança, Guedes fechou as contas.

No final, ouviram-se os versos de Jorge Palma com «A gente vai continuar». O Paços tem muita «estrada para andar» na próxima época.