Um «plot twist» com duas traições pelo meio. Não é um enredo de ficção, mas as incidências de uma peça em três atos com a Mata Real como palco e os castores a sorrirem no fim, colando-se às águias na tabela (ainda que provisoriamente).
«Renegar o Berço», bem podia ser este o cartaz da matiné pacense.
O Paços venceu o Vitória e para isso contou com dois golos de ex-vimaranenses. Um golaço e um golpe oportuno, com pedido de desculpas incluído, valeram uma reviravolta merecida num duelo entre quinto e sexto da classificação.
A equipa de Pepa entrou por cima no jogo, trocando a bola com a habitual certeza de passe, qual miniescrete canarinho – as cores da camisola ajudam.
Eustáquio e Bruno Costa dão virtuosismo a um meio-campo em que Luiz Carlos varre o que for preciso. Lá na frente a velocidade e virtuosismo de Luther Singh e a verticalidade de Hélder Ferreira, pelos flancos, põem qualquer defesa em sentido, mesmo que no eixo do ataque falte o castigado Douglas Tanque.
Do lado contrário, havia sobretudo Rochinha e Edwards. Muito Edwards! Foi dos pés de ambos que surgiu o golo vimaranense, logo aos 23m, com um passe prodigioso do inglês a rasgar a defensiva contrária. Estupiñán abriu o marcador, mas a resposta surgiria em grande estilo por João Pedro, dez minutos depois.
De costas para a baliza, o substituto de Tanque correspondeu com um pontapé acrobático e certeiro (meio com a canela) ao cruzamento de Singh.
Ambas em 4-3-3, as equipas foram-se encaixando e o intervalo chegou com clara vantagem pacense na posse de bola (64%-36%).
Os castores voltariam à carga. Entraram claramente melhor também no segundo tempo e seriam premiados à passagem da hora de jogo. Singh derrubado e livre cobrado por Bruno Costa a encontrar a cabeça de Hélder Ferreira.
Desvio e golo. Hélder não festejou contra a antiga equipa. Ao invés, estendeu a camisola do companheiro Diaby, que contraiu uma lesão grave.
Estava feito resultado? Sim. Mas…
A verdade é que por pouco o jogo não terminou em golpe de teatro.
O quarto ato não chegou a acontecer por centímetros, quando Pepelu aproveitou um mau alívio de Jordi para fazer um chapéu a rasar o poste. O empate ficou a um palmo para o Vitória e o guardião ficou sentado dentro da baliza por largos momentos, claramente aliviado, até ser levantado com a força de um abraço pelo próprio presidente do Paços.
Jordi levantou-se e o Paços seguiu em frente, cavou um fosso de seis pontos para o perseguidor Vitória, que leva cinco jogos sem vencer, e agarrou-se para já ao Benfica no quarto lugar da classificação. Que notável época esta equipa está a fazer!