Noite de segunda-feira, um frio cortante e o receio generalizado de um jogo pachorrento. Longe disso. Se Rio Ave e Paços de Ferreira não estivessem em campo, esse temor faria algo sentido. Com estas duas equipas, porém, o tempo costuma ser bem gasto. E assim foi. O resultado final premeia o par de amantes do futebol positivo (1-1).

Rio Ave e Paços de Ferreira fazem bem à Liga portuguesa. Apresentam espetáculos cheios de cor, mesmo quando escasseiam as ideias. Nesta 22ª jornada, a formação local não conseguiu traduzir em oportunidades o domínio territorial mas fez o suficiente para evitar um desgosto.

As duas equipas surgiam nos Arcos com estados de espírito distintos mas esse cenário não teve reflexos no terreno de jogo. Aliás, o Paços de Ferreira provou desde cedo que tinha uma fórmula relativamente prática de chegar à baliza de Cássio.

Os castores vinham de uma derrota caseira frente ao Boavista e congratularam-se com os regressos dos jovens Diogo Jota e Andrezinho. A dupla tem uma grande capacidade para fazer estragos em parceria e surgiu com ideias frescas em Vila do Conde. Jota destacou-se rapidamente e seria o responsável pelo ponto final no nulo.

Com meia-hora de jogo, já após ameaças convincentes do Paços, Pedrinho viu-se ultrapassado pelo promissor extremo e arriscou o corte, com escassas hipóteses de êxito. O experiente lateral cometeu um erro claro, abrindo espaço para uma grande penalidade.

Bruno Moreira não deu hipóteses a Cássio na conversão do castigo máximo e chegou aos 14 golos na Liga 2015/16, 18 em todas as provas. Números impressionantes para o avançado português que, ainda assim, falhou nova grande penalidade na etapa complementar.

O Rio Ave tinha mais bola, é certo, mas não apresentava profundidade pelos flancos e criava menos oportunidades que o adversário.

Em cima do intervalo, num lance de difícil análise, Fábio Martins balançou as redes locais a passe de Hélder Lopes. O árbitro já tinha assinalado um fora-de-jogo ao lateral, sem grande espaço para protestos, mas em boa verdade Roderick parece colocar Hélder Lopes em posição regular.

Pedro Martins sentia que a sua equipa não estava a corresponder às expetativas. O treinador repetiu o onze que garantiu um precioso empate frente ao Sporting, em Alvalade (0-0), mas o processo ofensivo estava congelado, talvez por culpa do frio intenso que se fazia sentir.

Ukra rendeu Kayembe para a segunda metade e entrou bem no jogo. Porém, o grande facto de mudança residiu na liberdade dada a Tarantini para se aproximar de Yazalde. Em cinco minutos, o cerebral médio do Rio Ave inventou o empate. Tabelou com o ponta-de-lança, viu a movimentação de Kuca e isolou o extremo para o 1-1.

Os locais cresceram a partir desse momento. Chegaram a ameaçar o segundo golo, até, mas o Paços continuava a assentar o seu futebol em rápidos e simplificados movimentos ofensivos para responder à medida.

Surgiria assim, com uma hora de jogo, nova oportunidade soberana para Bruno Moreira. De novo com Diogo Jota na origem de um castigo máximo. O jovem português surgiu na zona de penálti e ainda vez o remate. Wakaso vinha em corrida, tropeçou e acabou por derrubar o adversário. Porém, desta vez, Cássio adivinhou o lado e agarrou o ponto.

Pedro Martins reagiu com a entrada de Hélder Postiga em campo. O saudado regresso do internacional português aos nossos relvados representava um claro processo de intenções em busca da vitória. Jorge Simão, saliente-se, também não se contentava com o ponto, trocando Rodrigo Antônio por Edson Farías, forçando como tal o recuo de Andrezinho.

Hélder Postiga não foi feliz na primeira ocasião. Uma grande ocasião, por sinal, ao minuto 68. Após canto cobrado por Ukra, o avançado surgiu sem oposição na área mas cabeceou à figura de Rafael Defendi. O Paços continuou a ter menos bola e maior número de remates.

Contas feitas, o empate assenta que nem uma luva nesta noite de segunda-feira em que até os dedos do jornalista congelaram. O espetáculo, pelo contrário, fez aquecer a temperatura no relvado de Vila do Conde. Estas duas equipas fazem bem ao futebol português.