O universo verde e branco virou-se do avesso nos últimos dias. As sequelas da guerra declarada entre presidente e jogadores estão ainda bem presentes e sentiram-se ao longo dos 90 minutos do duelo entre Sporting e Paços de Ferreira.

Num jogo em que o ambiente foi de cortar à faca – principalmente para Bruno de Carvalho, fortemente contestado pelo tribunal de Alvalade – o conjunto de Jorge Jesus teve o mérito de encontrar no meio de uma montanha-russa de emoções a serenidade necessária para regressar aos triunfos e estancar com uma compressa a gigante hemorragia do leão.

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O cliente, o Paços de Ferreira, chegava a Alvalade num dos melhores momentos da época, embalado pelos sete pontos alcançados nas últimas três jornadas, mas raramente revelou sagacidade para aproveitar a instabilidade vivida pela equipa da casa.

A revolução que chegou a projetar-se para o jogo deste domingo não chegou a acontecer. Jorge Jesus promoveu «apenas» três alterações relativamente ao duelo da passada quinta-feira com o Atlético Madrid e reservou uma grande novidade nas opções iniciais: Wendel, médio brasileiro contratado no mercado de inverno, estreou-se a titular com a camisola leonina e a mensagem que transmitiu durante os 68 minutos em que esteve em campo foi positiva.

Ainda que debilitado, o leão teve forças suficientes para domar uns castores que, ainda que sólidos no plano defensivo, raramente conseguiram chegar com qualidade às imediações da área de Rui Patrício. A equipa de João Henriques foi demasiado curta para sonhar com um resultado diferente.

Não que o Sporting tenha feito uma exibição de primeira água. Estranho seria se atingisse esse patamar, mas demonstrou quase sempre solidez para superar um obstáculo que tinha pela frente. Depois de um início de partida de ritmo médio-baixo, a cabeça de Bas Dost abriu caminho, aos 20 minutos, para uma exibição segura da equipa da casa.

Os elementos decisivos do passado voltaram a sê-lo neste domingo, aparentemente vacinados para a pressão gigante à qual estiveram sujeitos desde a passada quinta-feira. Bruno Fernandes abriu o livro não raras vezes e o irrequieto Gelson abriu brechas na defesa pacense aqui e ali.

O leão não produziu em série. Fê-lo avulso. Produziu nas quantidades necessárias. Foi contido mas pragmático. E no arranque da segunda parte atacou a presa. Teve-a segura pelos dentes, mas largou-a quando Battaglia, Bryan Ruiz e Coates não conseguiram bater Mário Felgueiras.

O Paços agradeceu aos céus e ganhou ânimo, mas faltou-lhe quase sempre o último terço indispensável para merecer outra sorte e caiu de vez aos 66 minutos, quando Bryan Ruiz finalizou da melhor forma um desenho ofensivo notável entre Gelson Martins e Bruno Fernandes.

O resto do jogo trouxe pouco mais, excetuando a lesão de Mário Felgueiras que obrigou o central Rui Correia a ocupar a baliza numa altura em que os visitantes já tinham esgotado as substituições.

Vitória justa do Sporting, exibição sem erros. Alvalade despediu-se dos jogadores com uma tremenda ovação. Afinal de contas, são eles os atores principais naquilo que realmente importa e move os adeptos. O futebol.