Pedro Proença, presidente da Liga, considera que é possível aumentar as assistências nos estádios em 5 por cento, em comparação com a temporada 2018/19 [a última que teve público em pleno], já na próxima época. O dirigente aposta numa redução dos preços dos bilhetes, no combate à violência e no aumento da qualidade dos espetáculos para trazer «as famílias» aos estádios.

No que diz respeito à qualidade do jogo, Pedro Proença defende que é urgente aumentar o tempo útil de jogo e, para isso, diz que é preciso uma sensibilização de todos os agentes para o assunto. «É um tema cultural. Não é um tema de responsabilidade única, a responsabilidade é transversal, passa pela mentalidade dos jogadores, dos treinadores e dos próprios árbitros e da organização. Temos de incutir rapidamente esta mudança de mentalidades relativamente a esta matéria. Sabemos que noutras ligas é o próprio público que reclama quando o jogador, por exemplo, está no chão. São pormenores que farão toda a diferença», comentou.

Além da campanha de sensibilização, que também inclui a comunicação social, a Liga também vai atribuir um prémio às equipas que percam menos tempo durante os jogos. «Neste momento os dados numéricos apontam para cerca de 60 minutos de tempo útil de jogo, cerca de 54 por cento, é muito insuficiente quando comparado com outras ligas europeias. Vamos dar notoriedade àquelas equipas que tentarem de alguma forma aumentar o tempo útil de jogo. Da nossa parte iremos criar um prémio de mérito a quem o fizer. Queremos começar a criar uma onda positiva relativamente a este assunto», anunciou.

«Futebol não pode ser um espectáculo enfadonho»

A Liga não poderá fazer muito mais do que apenas sensibilizar, uma vez que a alterações das regras dependem da FIFA. «Quando tivermos o futebol onze idêntico Às modalidades que são cronometrados, em que sempre que é parado o jogo, para o cronómetro, seria uma boa medida, mas não temos essa capacidade. Cabe-nos a nós tentar mudar mentalidades, criar um buzz positivo relativamente a isto. Todos temos responsabilidade, a comunicação social, a Liga, para começar a penalizar quem eventualmente utilize este mecanismo para tirar vantagem desportiva. É isto que não queremos. O jogo tem de ser dinâmico. O futebol não pode ser um espetáculo enfadonho, todos temos esta noção», acrescentou.

A qualidade da Liga também passa pela capacidade da retenção do talento. «Somos uma Liga que cria talento. Somos 10 milhões de habitantes num país que tem as dificuldades que tem. Vivemos hoje num futebol industrializado. Vamos ter sempre dificuldades em discutir com as Big-5, as maiores ligas do Mundo. Somos uma liga que cria talento, que exporta talento. Não temos as mesmas condições de outros mercados. Temos uma carga fiscal que Itália e Espanha não têm. Temos de trazer para a discussão que os atletas têm profissões de desgaste rápido. A questão do IVA é fundamental. Não podemos ter uma taxa máxima na bilhética quando queremos trazer mais gentes aos estádios. Não compete só à Liga, compete também ao poder político fazer esta retenção de talento», destacou.

A segurança nos estádios é igualmente aposta da Liga de clubes, para que, segundo Proença, «as famílias possam regressar aos estádios sem qualquer receio».

«Não podemos nos dérbis e nos clássicos assistir a espectáculos de pirotecnia da parte das claques. A violência é uma constante antes dos jogos, depois e após os jogos. Assistimos aos arsenais de acompanhamento da polícia às claques. Isto não pode ser o nosso futebol. Seremos bandeira em relação a essas bandeiras. Queremos ter só os bons espectadores, os bons adeptos dentro dos espectáculos desportivos», referiu.

Outra bandeira de Proença é a redução dos preços dos bilhetes, com uma proposta uma proposta para que seja reduzido para «metade o valor máximo dos bilhetes» - neste momento cifrado nos 75 euros.