O regresso do público aos estádios ainda é um assunto em aberto e pode ser repensado mediante a evolução epidemiológica da covid-19 nas últimas duas semanas. O Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, alertou que é necessário haver um «equilíbrio entre a evolução epidemiológica» e a «vontade de normalizar o mais possível a vida coletiva».

«Nós temos trabalhado sempre muito em conjunto essa matéria, quer com a Liga, quer com a secretaria de Estado do desporto», começou por dizer, esta quinta-feira, em conferência de imprensa, antes do início do sorteio dos calendários da I e II Ligas, no Porto.

«Eu diria que temos de ser cautelosos quando trabalhamos essa matéria, porque temos de atender ao equilíbrio entre a evolução epidemiológica e a nossa vontade de normalizar o mais possível a nossa vida coletiva e é nesse equilíbrio que temos de tomar essas decisões. O que posso dizer é que, na continuidade do que temos vindo a fazer, estamos a trabalhar essa matéria, estamos atentos à matriz de risco e à evolução epidemiológica e tomaremos as decisões certas nos momentos certos», afirmou Lacerda Sales.

O Governo tinha anunciado, no âmbito do desconfinamento para o verão, o regresso do público aos recintos desportivos a partir de 14 de junho, em 33 por cento da lotação total possível, incluindo os estádios de futebol. Contudo, a propagação da variante Delta, já dominante nos casos positivos registados nas várias regiões do país, pode pôr em causa o regresso do público às bancadas de forma plena.

«Tivemos uma época desportiva muito difícil, amputada do seu maior património, o acesso do público aos estádios, mas a verdade é que o futebol tem sido um exemplo no processo de retoma. Relembro os números, porque temos facilidade em esquecer: foram mais de 75 mil testes PCR que o futebol fez para ter a capacidade de terminar uma época que teve mais de 621 jogos», lembrou, por seu turno, o presidente da Liga, Pedro Proença.

Por outro lado, o vice-almirante Gouveia e Melo afirmou que é crucial a vacinação nos jovens, para uma normalização da vida no país. «Chegou a altura de os jovens virem a esse processo, para que o país possa prosseguir. Ainda há uma parte do túnel para percorrer e exige que os jovens façam parte da comunidade e venham ao processo de vacinação», apontou.

Recorde-se que, em Portugal, apenas dois jogos do Santa Clara tiveram público na I Liga de 2020/2021. A 29 de maio, o Estádio do Dragão, no Porto, teve um terço da lotação para a final da Liga dos Campeões, entre Chelsea e Manchester City.