António Folha, treinador do Portimonense, em declarações na sala de imprensa do Estádio do Bessa, após o empate (1-1) ante o Boavista, em jogo da 15.ª ronda da Liga:

«Golo no fim? Também já perdemos no último minuto. Acho que o empate é justo. Foi um jogo muito dividido. Sabíamos que íamos ter dificuldades, o Boavista em casa cria problemas a todas as equipas. Fizemos um bom jogo. Houve equilíbrio total entre as equipas.

Foi uma pena o golo do Aylton ter sido anulado. A estratégia poderia ter sido diferente. A equipa estava sólido e podíamos ter partido para uma vitória, mas as linhas é que mandam nisto.

Isto acontece-me algumas vezes. Para uns quando acontece é golo, para os outros não. As linhas comandam o futebol. Os milésimos de segundo para parar e ver se está fora de jogo também. Depende da pessoa, se é mais rápida ou mais lenta a carregar. É com isto que se ganha dinheiro à custa dos jogadores do futebol.»

«O Folha nunca é expulso, mas chega. Os outros também o fazem e têm sorte. Apesar de estarmos longe, trabalhamos muito e somos honestos. Às vezes parece que somos um clube estrangeiro, mas não. Temos muitos jogadores estrangeiros, mas somos honestos e trabalhadores. O clube está a crescer e parece que isso faz espécie a muita gente. Quando uma pessoa tem a camisa lavada, parece que anda na droga ou a roubar.»

[Sobre a demora do VAR na análise ao golo do Aylton]:

«Tivemos parados quase três minutos [ndr: cinco minutos]. A emoção passa a frustração. A emoção de marcar um golo que é a coisa mais bonita do futebol passa a frustração e pode ter implicações logo a seguir. É demasiado tempo. Parem com isto. Isto é um grande negócio. Quem inventou isto está rico tal como está quem inventou o ar condicionado. Peço que invente algo que dê mais jeito aos jogadores. São eles que pagam a esta gente toda.

«Já paguei enquanto jogador, agora recebo desta gente. Parece que a última coisa que acontece é respeitar quem paga a esta gente toda. Podem multar-me à vontade. Se me multarem por dizer a verdade e isso mudar alguma coisa, ainda dou mais por cima. O meu dinheiro é ganho com trabalho e honestamente. Temos de respeitar quem nos dá de comer. Se não houvesse jogadores, ninguém estava aqui.»

«Parem. Como se costuma dizer entendam-se. As pessoas que estão à frente das grandes decisões que não tentem puxar a brasa à sua sardinha. Juntem-se, estão todos a ganhar do mesmo. Só quero um futebol melhor, mais nada. Já vi grandes amigos a ir para o estrangeiro, qualquer dia... até parece que se não treinar aqui, vou morrer à fome.»

[Saída de alguns jogadores]:

«Temos de rentabilizar o clube. O Portimonense está a crescer, é um clube sério onde não falha nada. É top. Estamos no cantinho do qual todos gostam, há sol e praia (risos). A valorização dos jogadores é consequência do projeto. Fico satisfeito pelos jogadores chegarem a patamares mais elevados. É compreensível a exigência dos adeptos, têm razão, mas faz parte. Eu aguento. Agora vamos trabalhar todos juntos para sairmos desta situação, temos qualidade e capacidade para vencer jogos.»