Algumas dezenas de trabalhadores de clubes concentraram-se esta segunda-feira frente à sede da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, no Porto, em defesa de aumentos salariais e da contratação coletiva, acusando o organismo de pretender «acabar praticamente com todos os direitos» dos funcionários.

«A Liga de clubes denunciou o contrato coletivo de trabalho (CCT) há cerca de um ano e estamos ainda num processo negocial, mas a Liga tem uma posição intransigente quer em relação à denúncia de contrato, quer em relação ao âmbito do contrato, que pretende que se aplique apenas às sociedades desportivas», afirmou o coordenador do Sindicato da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte.

Em declarações à agência Lusa no final do protesto, Francisco Figueiredo explicou que o sindicato pretende que o CCT «continue a aplicar-se às sociedades desportivas, mas também aos clubes de futebol e sociedades comerciais», como acontecia até à sua denúncia, «porque mais de 90% dos trabalhadores são dos clubes» e ficariam, caso contrário, «sem contratação coletiva».

Contactada pela Lusa, fonte da LPFP disse que a «a Liga está disposta a dialogar, aliás, como sempre está em todas as circunstâncias».

No total, adiantou o dirigente sindical, são cerca de 3.000 os trabalhadores abrangidos pelo CCT que foi denunciado, desde trabalhadores administrativos dos clubes a trabalhadores do campo e das salas de jogo do bingo.

«São todos os trabalhadores dos clubes exceto os jogadores e os treinadores, que têm convenções coletivas de trabalho autónomas», esclareceu Francisco Figueiredo.

Segundo o sindicalista, os salários destes funcionários «são muito baixos, entre os 500 e 600 euros em geral», e «não são atualizados há seis anos, desde 2010», o que não se compreende «na medida em que os clubes movimentam milhões de euros».

Por outro lado, o sindicato sustenta que «a nova proposta que a Liga apresentou é muito radical, porque quer acabar praticamente com todos os direitos dos trabalhadores».

«Os trabalhadores da sala de jogo do bingo têm um horário semanal de 31 horas e meia e a Liga pretende passá-los para as 40 horas e os demais trabalhadores têm um horário de 35 horas semanais e a Liga pretende passa-los para as 40 horas, sem qualquer compensação», referiu Francisco Figueiredo.

Adicionalmente, acrescentou, a Liga pretende «reduzir o número de dias de férias e os dias por luto, acabar com o complemento de doença, de reforma e de seguro, reduzir o pagamento dos feriados e deixar de pagar os subsídios noturno e diuturnidades, além de propor um banco de horas e horários concentrados de 12 horas diárias, numa posição completamente radical e sem nenhum sentido».

«Tem havido reuniões, mas a Liga não sai destas posições e é muito complicado negociar, daí o protesto de hoje», sustentou Francisco Figueiredo, afirmando estar a decorrer um processo «de consulta aos trabalhadores» e de reuniões com os clubes, muitos dos quais afirmam que «não sabiam que a Liga tinha esta posição».

Revelando estar marcada uma nova reunião de negociação para 07 de junho, Francisco Figueiredo diz pretender «aguardar para ver se a Liga altera a sua posição e se é possível rever o contrato».