Renato Sanches.
 
O miúdo merece um parágrafo só para ele. Apresentou-se aos sócios, naquele que foi o primeiro jogo a titular na Luz, e mostrou que merece um gosto especial de quem o vê pela primeira vez.
 
Encheu o campo de bons princípios, muito forte, por exemplo, na pressão sobre o adversário, inteligente na ocupação dos espaços e perspicaz na forma como ataca a área adversária. É um menino, mas não parece: movimenta-se com à vontade, bate os pés no chão, pede a bola, enfim.
 
Verdadeiramente não tem medo de se fazer notar.
 
Já estava a ser o melhor, portanto, quando nos dez minutos finais levantou os adeptos de um pulo: pegou na bola a trinta metros da baliza e disparou um míssil ao ângulo. Um golaço, sem dúvida.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores
 
Nessa altura esta vitória sobre a Académica adquiriu um sentido. Há afinal mais a levar deste jogo, para além dos óbvios três pontos: há a certeza de que vale a pena olhar com atenção para Renato Sanches. Ele pode ser, afinal de contas, uma brisa refrescante neste novo Benfica.
 
Ainda é cedo para conclusões definitivas, mas pode ser.
 
Renato Sanches foi portanto a melhor notícia de um jogo em que o Benfica venceu pelo resultado óbvio: as vitórias por falta de comparência são 3-0, é dos regulamentos, e esta Académica foi pouco mais do que inexistente. Arrastou-se pelo estádio da Luz, mas não esteve verdadeiramente lá.
 
Nunca quis, por exemplo, jogar o jogo. Só tinha um plano, defender bem, com muitos, colocando nove jogadores num espaço curto, e partir daí segurar o nulo inicial.


 
Mas até nisso foi incompetente. Por duas vezes, aliás. Na primeira o guarda-redes Pedro Trigueira atropelou Gaitán, quando este ameaçava não chegar a uma bola lateralizada, na segunda Ofori meteu a mão a uma outra bola que também não trazia um perigo demasiado claro.
 
O árbitro Luís Ferreira assinalou as duas grandes penalidades, Jonas converteu-as e o Benfica começou a construir o resultado de um jogo em que a vitória não sofre contestação.
 
Ganhou a única equipa que o quis fazer.
 
Vale a pena lembrar, de resto, que um cruzamento de Gonçalo Paciência que Jardel cortou ao primeiro poste foi o mais semelhante com uma oportunidade de golo que a Académica criou.
 
Mesmo depois de estar a perder, a formação de Coimbra continuou a defender com muitos e com as linhas recuadas, num sinal de que não havia de facto outro plano. Filipe Gouveia trocou um médio por um ponta-de-lança, passou a jogar com dois avançados e esperou que as coisas mudassem.

Destaques: perdoa-nos, Jonas, mas isto é Renato e mais dez
 
Não mudaram, claro, porque é preciso mais para mudar um jogo destes do que trocar jogadores: e a Académica nunca teve esse mais que é preciso ter.
 
Indiferente a isso, o Benfica fez o seu jogo no limite da paciência: com demasiados rivais pela frente, perante um adversário muito defensivo, em busca de caminhos que pareciam fechados. Fez do jogo, enfim, um exercício de repetições capazes de dar cabo da pachorra a qualquer um.
 
Basicamente recuperava a bola rapidamente, tentava pela direita, tentava pela esquerda, tentava pelo centro: quando imprimia velocidade criava desequilíbrios na Académica e por isso provocou duas ou três ocasiões de golo que podiam obrigar-nos a falar agora de uma goleada.
 
Nesta altura vale a pena destacar Pizzi: na primeira parte esteve em quase tudo o que o Benfica fez de melhor. Mas lá está, o extremo é apenas um destaque, como o são os dois golos de Jonas.
 
A verdadeira notícia é outra: chama-se Renato Sanches.