Não há felicidade maior do que aquela que obriga a algum sofrimento durante o processo: por isso este Estoril tem razões para estar muito feliz.
 
A formação canarinha continua a somar vitórias pela margem mínima, daquelas arrancadas no fundo da alma, mas mais importante do que é isso que a equipa vai segurando um lugar no pódio da classificação. Permanece em terceiro lugar, em igualdade com o Benfica, a dois pontos da liderança.
 
Merece ou não um aplauso?
 
Mas merece mais do que isso. Merece também, por exemplo, alguma atenção, porque há nesta equipa de Fabiano Soares jogadores de qualidade. Um acima de todo: Léo Bonatini.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores
 
Trata-se de um ponta de lança brasileiro, de apenas 21 anos, que foi contratado no Cruzeiro e que vai jogo após jogo afirmando carácter e muita categoria. Tem capacidade técnica, tem presença física, tem sentido prático e tem os olhos sempre na baliza adversária.
 
Esta tarde, por exemplo, foi ele a mostrar o caminho para a vitória ao Estoril: ainda na primeira parte recebeu de Gerso fora da área, tirou um adversário do caminho e rematou forte ao ângulo.
 
Um golaço.
 
Foi o quarto golo na Liga e o quinto jogo a marcar (quatro seguidos), se contabilizarmos o jogo a meio da semana para a Taça da Liga. Já é o terceiro melhor marcador da Liga. Cuidado com ele.


 
O golo de Léo Bonatini, de resto, veio colocar alguma justiça no resultado. O Estoril foi quase sempre melhor, mais dominador, mais construtivo, embora o jogo estivesse a ser globalmente fraco.
 
O União terminou a primeira parte apenas com um remate, de fora da área e sem grande perigo.
 
Ora os dados não se alteraram muito no segundo tempo. O Estoril continuou a procurar o segundo golo, que lhe desse tranquilidade. É verdade que o União regressou diferente dos balneários, Norton de Matos trocou um médio (Ruben Andrade) por um avançado (Miguel Fidalgo), passou a jogar com dois homens no centro do ataque, mas a posse de bola e as situações de perigo eram do Estoril.
 
Por isso voltou a ser com justiça que Bruno César fez o segundo golo, ele que já tinha ameaçado pouco antes, no que parece o ponto final no jogo.
 
Destaques: Léo Bonatini, vá-se habituando a este nome

Pareceu, mas não foi. E não foi porquê? Basicamente por culpa do Estoril. Uma falha enorme de concentração deixou Edder Farías sozinho frente a Kieszek, o venezuelano recebeu de Bueno e cabeceou como quis para o golo do União.
 
O regresso do União aos golos seis jogos depois foi muito simples, portanto.
 
Ora a partir daí o União moralizou-se, o Estoril amedrontou-se e os últimos dez minutos foram de ataque à baliza de Kieszek. Breitner ainda mandou uma bomba à barra e a formação canarinha passou por um sofrimento que era completamente desnecessária, e até injusto.
 
Mas lá está, a felicidade tem mais sabor se for sofrida no processo: de sofrimento em sofrimento, este Estoril vai somando vitórias e é terceiro classificado, lado a lado com o Benfica.