Se é verdade que os números não mentem, então vamos começar por aí. Até porque é um bom ponto de partida: são factos, não são opiniões aleatórias ou arbitrárias.

Tiago Fernandes pegou na equipa no quinto lugar e entrega-a no segundo posto.

Em duas jornadas trepou três posições e aproximou-se da liderança, deixando o Sporting a uma escorregadela de distância do primeiro lugar: exatamente dois pontos para o FC Porto.

Dificilmente o treinador interino podia ter feito melhor.

O que se viu na segunda parte foi, aliás, do melhor que o Sporting já apresentou esta temporada. Futebol a toda a largura do terreno, muitas vezes ao primeiro toque, combinações bem feitas, fluidez de jogo, enfim, pareceu uma equipa de facto de cabeça limpa e espírito confiante.

Provavelmente tudo isto é mérito de Tiago Fernandes, que recuperou a imaginação dos jogadores e o otimismo da equipa. A partir daí, e com a criatividade mais leve, tudo funciona melhor.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

O Sporting está forte? Não, claro que não. Está melhor. Bastante melhor.

Basta olhar para este jogo com o Desp. Chaves para perceber que ainda há muito terreno para palmilhar e muitas distâncias para percorrer. Afinal de contas só um penálti a quatro minutos do fim permitiu à equipa chegar ao triunfo. Um penálti duvidoso, é preciso dizê-lo: não se percebe se a mão em Bas Dost foi suficiente para impedi-lo de chegar à bola.

Mas pronto, essa é outra conversa. Essencial é voltar ao futebol.

O Sporting arrancou então a vitória a ferros e colocou justiça no resultado. Porque de facto foi melhor e mereceu ganhar. Com isso ganhou um pouco mais de confiança para o futuro.

A prova de que esta equipa está melhor, de resto, esteve na reação dos adeptos após o golo do Desp. Chaves. Os transmontanos igualaram o resultado aos 81 minutos - num golaço de Niltinho, uma obra prima -, e despejaram um balde de água fria sobre Alvalade. Apesar disso, o estádio não assobiou. Pelo contrário, aplaudiu, puxou pela equipa, mostrou-lhe que estava com ela. Porquê? Porque acreditava que ainda podia ganhar.

É certo que o Desp. Chaves jogava reduzido a dez, por expulsão com vermelho direto de Bruno Gallo, mas não era só isso: era a convicção do fundo da alma que a equipa ainda podia marcar naqueles dez minutos para o fim.

Bas Dost, o regresso: confira os destaques da partida

Até porque, antes disso,o Sporting já tinha criado algumas ocasiões de golo, embora menos do que o futebol dominante e pressionante justificava. Lá está, ainda há um longo caminho a percorrer.

Pelo caminho, Bas Dost fez dois golos e chegou aos três tentos em dois jogos, fazendo melhor com Tiago Fernandes do que tinha feito em cinco jogos anteriores com José Peseiro. O goleador também parece estar de volta, o que é mais uma boa notícia para a equipa.

Até porque com o bis feito este domingo, o holandês chegou aos 66 golos em 66 jogos do campeonato. Impressionante, não é?

Feitas as contas, portanto, é um Sporting melhor e mais leve que espera agora por Marcel Keizer. O holandês já esteve em Alvalade, esta segunda-feira é apresentado e depois disso começa a trabalhar. Provavelmente com os olhos na liderança: o trabalho anterior já está feito.

Um jovem interino recuperou a equipa: no espírito e na classificação.

Não precisa de agradecer, mister.

Veja o resumo do jogo: