O Sporting ganhou, mas não foi feliz.

Perdão, deixem-me ser mais preciso: Marcel Keizer ganhou, mas não foi feliz. O holandês parece continuar a percorrer o seu calvário a caminho do monte das oliveiras e nem uma vitória ou outra, como se fossem uma pausa para respirar, aliviam o sofrimento que é ver esta equipa.

O Sporting teve bons momentos, claro que sim.

Os primeiros vinte minutos, por exemplo, foram muito bons: um futebol pujante, mandão, que encostou o Sp. Braga à baliza de Matheus e permitiu a Wendel inaugurar o marcador.

Mas foi demasiado pouco. Foram vinte minutos, lá está.

A formação leonina comete demasiados erros, define mal, falha demasiados passes. Os jogadores estão até em sub-rendimento. Parecem ter demasiados fantasmas na cabeça para jogar soltos, soltinhos, como o futebol com arte exige. E isso, meus caros, também é culpa do treinador.

É difícil encontrar um jogador, para além de Wendel, que tenha crescido com Keizer. O holandês parece não conseguir retirar o melhor de cada atleta: os jogadores valem menos, a equipa vale menos e torna-se mais difícil assim conseguir bons resultados. Ou, pelo menos, noites tranquilas.

Ora por isso, porque este Sporting está muito longe de ser uma equipa ameaçadora, o Sp. Braga cresceu muito a partir dos vinte minutos. Ameaçou uma, e outra, e outra vez.

Nessa altura tornou-se fundamental Renan: o guarda-redes fez três defesas fantásticas a parar finalizações com selo de golo de Pablo, primeiro, e de Hassan, nas duas vezes seguintes.

Por isso o resultado ao intervalo já era injusto.

Tinha valido ao Sporting, como tantas vezes, o talento de Bruno Fernandes: o médio recuperou uma bola no meio campo ofensivo, correu uns metros, tirou Bruno Viana do caminho e fuzilou Matheus, para o segundo golo que parecia dar tranquilidade à equipa e injustiça ao resultado.

Sp. Braga sempre a crescer, Sporting sempre a sofrer

No entanto ainda faltava a segunda parte, e muito para sofrer.

O Sp. Braga tornou-se mais dominador no segundo tempo, carregou mais sobre a baliza de Renan e expôs todas as fragilidades do Sporting.

A equipa leonina tentou jogar em contra-ataque, mas lá está, definia sempre mal em alguma parte do processo: só numa combinação entre Luiz Phellype e Bruno Fernandes, em que este último foi incapaz de ultrapassar Matheus, é que criou verdadeiramente perigo.

O Sp. Braga, por outro lado, foi sempre em crescendo. Sempre a ter mais bola, a criar mais perigo, a marcar mesmo, por Wilson Eduardo, e a deixar uma enorme indefinição no resultado até ao fim.

Feitas as contas, o Sp. Braga perdeu pela primeira vez esta época e o Sporting ganhou também pela primeira vez: mas não ganhou para o susto.

Há demasiados fantasmas na cabeça que é preciso afastar da equipa.