O Benfica despediu-se da pré-temporada com mais uma derrota, que vem sublinhar uma tradição recente da equipa: fazer pré-épocas desanimadoras.

Há dois anos, na estreia de Rui Vitória, contou por derrotas os seis jogos realizados, na última temporada ganhou quatro em oito encontros, esta temporada somou duas vitórias em seis jogos realizados, com um total de catorze golos sofridos: mais de dois por jogo.

O jogo deste domingo com o Leipzig foi no fundo o retrato desta pré-época: desastroso.

Para o leitor ter uma ideia, vale a pena referir que a primeira oportunidade de golo encarnado surgiu aos 78 minutos, quando Jonas passou por dois adversários e rematou forte, o guarda-redes Mvobo defendeu para a frente e Mitroglou fez a recarga para o fundo das redes: o grego estava porém em claro fora de jogo e o golo foi anulado.

Antes disso, só deu Leipzig.

Rui Vitória apostou num onze alternativo, lançando para o onze jovens como Pedro Pereira, Ruben Dias ou Chrien, mais Lisandro, Carrillo e Raul Jimenez: jogadores, enfim, que não costumam ser titulares. O que naturalmente fez a equipa ressentir-se.

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Sem fio de jogo e sem consistência coletiva, o Benfica vivia quase exclusivamente das poucas iniciativas individuais. O que era manifestamente pouco.

Ora o Leipzig, que foi vice-campeão no último campeonato alemão e não é por isso um adversário frágil, assumiu o controlo do jogo e mandou duramente muito tempo.

Marcou cedo, logo aos 19 minutos, numa jogada em que o lateral Halstenberg passou por toda a gente, combinou com Burke, ganhou a Ruben Dias e rematou fortíssimo.

Um bom golo, é verdade, mas que obriga a sublinhar as facilidades com que Halstenberg entrou pela defesa do Benfica: demasiado fácil para os alemães.

Esperava-se, depois disso, uma resposta do Benfica, mas foi o Leipzig que continuou a ser melhor. Brilhou então o guarda-redes Bruno Varela: primeiro defendeu um remate de Burke, após passe de Bruma, depois voltou a parar dois remates do mesmo Burke, na mesma jogada, impedindo sucessivamente o segundo golo da formação alemã.

Ora nesta altura é obrigatório falar de Bruma: o português jogou na esquerda do ataque do Leipzig e foi o melhor em campo, o jogador que mais desequilíbrios criou.

Na segunda parte, por exemplo, rematou duas vezes com perigo, a primeira defendida por Bruno Varela e a segunda ligeiramente ao lado. Pelo meio, o Leipzig voltou a marcar: Kaiser bateu um livre, Compper ganhou a Lisandro e cabeceou para golo.

Lisandro esteve aliás desastrado na defesa, tornando-se a maior evidência do desacerto benfiquista. Defesas como Ruben Dias e Pedro Pereira não estiveram também nada bem.

O Benfica, de resto, só deu um ar da sua graça depois de Rui Vitória colocar em campo jogadores como Jonas, Pizzi, Mitroglou ou Willock.

O grego durou nove minutos em campo, acabando por se lesionar depois de fazer o tal golo que foi anulado. Mas foi também com ele em campo que o Benfica embalou para dez minutos finais superiores, durante os quais a equipa dominou o jogo e ficou outra vez perto do golo, num cabeceamento de Lisandro, após cruzamento de Willock, ao poste.

Foi muito pouco, porém, para desfazer a ideia de um Benfica frágil e que acaba a pré-época sem entusiasmar ninguém. No próximo sábado arranca a temporada oficial, frente ao V. Guimarães, em jogo da Supertaça, e essa é a melhor notícia para os encarnados: a história recente costuma acentuar uma transfiguração nos jogos a sério.