Temperatura perigosamente elevada, dores musculares e calafrios constantes. O Benfica apresenta todos os sintomas que aconselham um período de quarentena.

Não é de agora. Bruno Lage já diagnosticou os problemas, mas até agora, praticamente um mês após a águia começar a transmitir sinais preocupantes de debilidades, ainda não conseguiu mais do que tentar uma abordagem profilática.

Esta segunda-feira, depois do FC Porto ter passado no teste do Açores, os encarnados estavam obrigados a somar os três pontos para se manterem na liderança, mas não conseguiram mais do que resgatar apenas um ponto já em modo contrarrelógio.

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O estado de sítio acaba de ser acionado na Luz, onde os homens de Lage deixaram escapar uma vantagem de sete pontos no último mês e estão agora à distância de uma tropeção do rival FC Porto para revalidarem o título.

Valha a verdade. Esta segunda-feira, o Benfica até dispôs de oportunidades suficientes para sair da jornada 23 da Liga com os três pontos. Ora vejamos: atirou uma bola ao ferro, falhou um penálti (e metade de outro) e desperdiçou um punhado de ocasiões flagrantes: Pizzi, Vinícius e Rúben Dias.

Só que com a mesma facilidade com que desenha lances de perigo, o campeão nacional expõe-se de uma forma quase incompreensível. Joga como uma equipa atrás do prejuízo nos minutos finais de um jogo. Mas fá-lo desde que o árbitro apita para o início da partida.

Nem Samaris, que Lage acreditava que tornaria a equipa mais equilibrada e menos vulnerável a dissabores, parece ser capaz de resolver os problemas. Com meio-campo a dois ou a três, os sintomas mantêm-se: temperatura elevada, dores musculares e calafrios constantes.

Aos 67 minutos, Fábio Abreu gelou a Luz numa finalização após cruzamento da esquerda de Abdu Conté, confirmando as ameaças deixadas nos primeiros 45 minutos.

Por essa altura, já na etapa complementar, Pizzi tinha falhado um castigo máximo e Rafa visto um golo anulado após recurso de Fábio Veríssimo ao VAR. Dyego Sousa também já estava em campo, motivando o técnico das águias a abdicar do meio-campo a três.

Talvez pela lesão impeditiva de Seferovic, Bruno Lage não caiu na tentação de lançar um terceiro ponta de lança. Mexeu avulso: lançou Cervi para o lugar de Rafa e depois, perante a necessidade de bombear cruzamentos, trocou Taarabt por Jota, alteração que não agradou ao tribunal da Luz.

A partir daí, viu-se um Benfica instalado no meio-campo contrário, mas igualmente permeável e demasiado desesperado e irracional para conseguir mudar por completo a história do jogo. Por essa altura, o Moreirense, que, pela competência que demonstrou, fez por merecer o ponto que leva para o Minho, até parecia mais capaz de resistir ao choque final.

Resgatou apenas um ponto, por Pizzi, que marcou na recarga ao segundo penálti falhado da noite. Pela perturbação até do capitão percebem-se não só os problemas defensivos, mas também a intranquilidade permanente do campeão nacional.