Vida nova, velhos hábitos. Como em 2020/21, o leão de Ruben Amorim aparenta manter um apetite voraz e não teve complacências no batismo de fogo do Vizela no regresso à Liga ao fim de 36 longos anos.

O campeão abriu a defesa do título com um triunfo autoritário frente a um adversário que deu inicialmente bons sinais, mas que acabou engolido por uma força amplamente superior.

Quinhentos e dezasseis dias depois, Alvalade finalmente com público. Como reagiriam os jovens leões a atuar perante os próprios adeptos com 1/3 do estádio preenchido? Empurrados pela energia contagiante? Pressionados pelo tribunal?

Ainda que o jogo só tenha sido desbloqueado na segunda parte e se contabilizassem, até essa altura, algumas oportunidades falhadas e até um castigo máximo desperdiçado por Jovane pouco depois da meia-hora, os números do triunfo (3-0) ajudam a responder à pergunta.

Alvalade teve entusiasmo…

Nos constantes cânticos dos adeptos.

Teve suspense…

Na expetativa de que o VAR confirmasse um golo invalidado a Cassiano por fora de jogo, na espera pela confirmação de um penálti e pela confirmação do 3-0 de de Paulinho.

Teve paciência e generosidade…

Com o perdulário Jovane Cabral, perdoado e aplaudido de pé quando saiu de cena.

Mas também teve ansiedade

Até ao golo inaugural de Pote.

Por falar em Pote, o melhor marcador da época passada estava longe de ser um dos protagonistas maiores da noite quando quebrou a resistência de um Vizela cada vez mais curto no jogo aos 48 minutos. Por essa altura, os verde e brancos já deviam a si próprios a vantagem.

A equipa de Álvaro Pacheco teve momentos de atrevimento, é certo, mas poucos para alimentar o sonho de regressar ao Minho com um ou mais pontos. Começou por procurar jogar no campo todo, mas ainda na primeira parte viu-se empurrada para o seu meio-campo.

A ordem natural das forças prevaleceu em Alvalade. E repetiram-se os tais velhos hábitos: depois do grande golo aos 48 minutos, Pote bisou em mais um remate de belo efeito e mostrou que o que fez em 2020/21 foi tudo menos coincidência. E Paulinho coroou uma grande exibição com o terceiro.

O Sporting inicia a defesa do título com uma prestação segura, convicta e a mostrar que a tese de que foi a ausência de público que empurrou os leõezinhos para o campeonato não passava de um mito.