Erros individuais, erros de todos, erros pontuais e erros de um ano inteiro. Algumas virtudes também lá estiveram, mas em menor número. E, por isso, o Benfica saiu com uma derrota histórica da Luz, um palco que, de repente, se virou contra a equipa mesmo sem público.

Esse fator conta? Conta porque o Benfica tem de valer-se apenas do futebol que pratica para ultrapassar os adversários. E aí há problemas. Há o problema, por exemplo, das bolas paradas defensivas.

Um problema de uma época inteira que voltou a surgir nesta terça-feira e que o Benfica resolveu com dois golos de Vinícius. Mas quem tanto erra e não resolve, por vezes leva castigo pesado como sempre é um penálti contra. E quem tanto erra e insiste no erro, acaba mesmo por perder. Porque só a derrota, nestes casos, leva a uma séria e reflexão profunda do futebol encarnado pois não esconde nada. O Benfica perdeu um jogo e fica à espera para ver se não perde um campeonato.

Seferovic novidade, Taarabt nem por isso

 Lage voltou a trocar de ponta de lança e se Seferovic foi novidade no onze, o rendimento de Taarabt nem por isso. O marroquino foi quem teve mais esclarecimento e habilidade para criar. Weigl surgiu de novo em bom nível e enquanto Gabriel se cingiu a recuperar a bola pouco havia a apontar. A questão é quando o brasileiro tem de a entregar.

Portanto, por aí, começava a ver-se um Benfica igual ao que tem sido. Com todas as virtudes e defeitos, com Rafa apagado na ala e Pizzi também e frente a um Santa Clara que chegou e pressionou alto desde o início!

Os açorianos deram um aviso por Thiago Santana e depois de algumas ocasiões do Benfica marcaram mesmo. Até lá, porém, os encarnados desperdiçaram algumas ocasiões de golos, mas sempre espaçadas, sem a sequência necessária que se exige para meter o adversário em aflição constante.

O 0-1 de Anderson Carvalho surge de um erro individual, o primeiro de uma tarde/noite para esquecer dos encarnados de Lisboa e memorável para os de Ponta Delgada.

O primeiro tempo fechou assim, com o 0-1 no placard. Lage mexeu ao intervalo e a reentrada do Benfica foi boa. Taarabt inventou outro lance e Rafa empatou. Mas quando se perspetivava o assalto ao lado contrário, eis que o pesadelo recorrente do Benfica surgiu. Canto e golo do adversário.

Outra vez a perder, a equipa reagiu com um bis de Carlos Vinícius e tudo parecia ser corrigido pelo inusitado bis de cabeça do brasileiro. Mas não. Nova bola parada, e a mão de Rúben Dias levou o árbitro a marcar penálti. Se Crysan já metera o Benfica num sarilho, Zé Manuel lançou a noite de São João, com um golo na compensação.

As repercussões totais serão aferidas depois da noite de São João e do dérbi no Dragão. Mas há algo que se pode aferir já: os problemas desta equipa estão longe de ser resolvidos e, a seis jogos do fim do campeonato, talvez nunca sejam. Nesta terça-feira, e como diz o povo, o Benfica «meteu água». Tanta que afundou.