FIGURA: Alberth Elis
Diabo de tranças, guerreiro de peito feito e pernas poderosas. No primeiro golo do Boavista é ele que ganha de cabeça ao segundo poste e assiste Yusupha; no segundo golo, também é ele que foge na direita, deixa Nelson Monte ‘nas covas’ e cruza para o bis do colega gambiano. O Boavista acertou em cheio ao contratar este hondurenho na MLS. Em jogos como o de hoje, quando Jesualdo Ferreira precisa de alguém que capitalize o espaço entre a defesa e o guarda-redes oposto, Elis é precioso.

MOMENTO: Ronan entra, marca na baliza errada e é salvo por Coentrão (minuto 90+3)
Mais azar para Miguel Cardoso é impossível. O treinador do Rio Ave lançou o corpulento ponta-de-lança para a ofensiva final à baliza do Boavista e, um minuto depois, Ronan marcou na própria baliza. Funcionou tudo ao contrário na perspetiva vila-condense. Valeu Fábio Coentrão que, já depois dos 90, corrigiu o erro do companheiro e deu um ponto ao Rio Ave. Tudo muito quentinho. 

NEGATIVO: o inaceitável gesto de Miguel Cardoso depois do 3-3
O futebol é um jogo de emoções, muitas vezes os comportamentos não são exemplares, mas há limites. Mesmo que tenha sido provocado - não sabemos se o foi - Miguel Cardoso não pode reagir da forma que reagiu depois do 3-3. O emblema que representa e carrega ao peito obriga-o a ser mais educado, mais respeitador. Para não repetir. 

OUTROS DESTAQUES:

Yusupha Njie
O futebol é um lugar estranho. O avançado do Boavista chega à jornada 26 sem um único golo para mostrar na Liga. De repente, em 13 minutos, faz dois. Um de cabeça e outro numa finalização de primeira, difícil. Duas assistências de Alberth Elis, a alma que o acompanha no ataque axadrezado e que de gémea nada tem. Avançados completamente distintos e facilmente compatíveis, precisamente por isso.

Adil Rami
O mais estável dos centrais do Boavista. Ultrapassados os problemas musculares, Rami começa a mostrar que o valioso currículo que ostenta não é ainda um exclusivo do museu lá de casa. Conhece bem os momentos do jogo, continua fortíssimo na marcação e com a bola joga sempre pelo seguro, sem inventar o que é desnecessário.

Reggie Cannon
Jogo muito seguro e acertado, até ser substituído a meio da segunda parte. Por coincidência, ou talvez não, foi pelo seu lado que o Rio Ave construiu o 2-2. Passe de Pedro Amaral e finalização de Carlos Mané.

Gustavo Sauer
A pantera dos quatro pulmões. O brasileiro é um tremendo jogador de equipa, um polivalente cumpridor e abnegado. Correu, correu, correu, fez e sofreu faltas, defendeu e atacou. Saiu esgotado e fez muita falta ao Boavista.  

Guga Rodrigues
Chegou em janeiro de Famalicão, começou logo pela titularidade e despareceu das escolhas iniciais. Já não jogava de início pelo Rio Ave desde 9 de fevereiro, há dois meses, e pelo que fez no Bessa merecia ter aparecido mais cedo. E mais vezes. Foi o mais fiável dos médios de Miguel Cardoso, o que esteve mais em jogo e que quis mais a bola, o que decidiu melhor. Boa exibição.

Carlos Mané
A dupla com Gelson Dala no ataque obriga-o a procurar mais as zonas centrais e menos os flancos, como tanto gosta. Esteve menos explosivo e inspirado do que é habitual, mas acabou por ser importante ao finalizar com muita categoria para o 2-2. O passe de Pedro Amaral, já agora, foi soberbo.