Oito minutos depois dos 90, golo do adversário. É esta a maldição do Vizela. Na semana passada, frente ao Benfica, foi desta forma que o empate fugiu. Desta vez, nas mesmas condições, foi a vitória a escapar-se por entre os dedos.

Parece um pesadelo que voltou para assombrar os recém-promovidos em noite de «Halloween». Qualquer coisa do género, «sei o que te fizeram no jogo passado».

O Famalicão empatou no último lance do jogo e roubou ao Vizela a primeira vitória desde a jornada 2. Uma ponta final emocionante num dérbi entre quase vizinhos.

Mas voltemos ao início: para referir que, antes do apito inicial, o Belenenses alcançou a primeira vitória na Liga, ao bater o Santa Clara, entregando a «lanterna» aos açorianos. A vitória dos azuis no Jamor fez soar os alarmes em Famalicão.

Tão minhoto como um cavaquinho num rancho folclórico, uma romaria ou uma travessa de rojões é um dérbi da região. Com um terço da Liga concentrado no distrito de Braga eles não faltam na elite do futebol português. Hoje houve bastante futebol e ainda mais chuva.

Ao 50.º duelo Famalicão e Vizela defrontaram-se pela primeira vez no principal escalão.

As condições climatéricas foram propícias a um futebol de combate: uma batalha a cada bola no meio do terreno. O 4-2-3-1 de Ivo Vieira encaixou-se no de Álvaro Pacheco e a primeira parte trouxe muita luta a meio campo e escassas oportunidades claras de golo.

Ao intervalo, o Famalicão rematava mais (8-4), mas o Vizela tinha ligeiro ascendente na posse de bola (52%-48%).

Havia de se manter o equilíbrio no segundo tempo. Ainda assim, foi o Famalicão a estar mais perto do golo antes dos loucos minutos finais. Iván Jaime, um craque que só saltou do banco para a meia-hora final, falhou por centímetros; antes disso, Ivo Rodrigues viu Ivanildo tirar-lhe uma bola quase sobre a linha.

O golo, porém, haveria de surgir na outra baliza. Kiko Bondoso na assistência e Schettine com um toque a fazer a explodir de alegria o repleto e ruidoso setor de adeptos visitantes.

Estava feito o resultado, acreditou-se no estádio.

Até que no derradeiro lance do jogo Batubinska, central formado no PSG, foi lá à frente para desviar um canto de Pêpê – outra boa exibição – para fazer o golo do empate e pôr o público da casa em delírio.

É um futebol de gente apaixonada, este. A emoção fica bem aqui. Ainda assim, o castigo tardio ao Vizela soa a «déjà vu». Ivo Vieira respirou, só um pouco, de alívio. Se for crente nestas malapatas, Álvaro Pacheco bem pode tirar a sua boina, coçar a cabeça e ir à bruxa.