Trinta e dois anos depois, voltou a ver-se um derbi entre as duas equipas, no principal campeonato nacional. Dois golos de Beto, deram uma merecida vitória à equipa de Portimão, que apenas depois do intervalo viu os de Faro contrariarem um domínio que começou no primeiro minuto.

Com esquemas idênticos - 4x3x3 - os dois treinadores divergiram nas alterações nos onzes em relação ao último jogo, com Paulo Sérgio a ser mais conservador e apenas a trocar de ponta-de-lança, deixando Fabrício no banco e apostando em Beto, que marcou na derrota com o Benfica. No Farense, Sérgio Vieira trocou seis jogadores, que iniciaram o jogo com o Paços de Ferreira: Rafael Defendi, após castigo, voltou à baliza, na defesa o lesionado Eduardo Mancha foi rendido por César Martins e no meio-campo entrou Filipe Melo, para o lugar de Amine, que ficou de fora devido a castigo e lançou um ataque novo, com Hugo Seco a regressar depois de ter cumprido suspensão de uma jogo, com Stoijlijkovic a recuperar a titularidade perdida nos três últimos jogos para Patrick Fernandes e Licá a jogar de início pela primeira vez. Os sacrificados, além do cabo-verdiano, foram Bilel e Mansilla.

Com uma equipa subida, assistiu-se a um domínio absoluto do Portimonense até ao intervalo, mas sem correspondência em situações de perigo para a baliza do Farense. E bem tentou a equipa de Paulo Sérgio, quer pelos flancos - com os laterias a prestarem preciosa ajuda - como pelo jogo interior. Mas todas as tentativas não tiveram a melhor definição e foram facilmente anuladas pela defesa dos vizinhos de Faro.

Assim, apesar desse domínio, foram inócuos os ataques do Portimonense e Rafael Defendi não viu a sua baliza passar por situações complicadas. Um remate de Luquinha afastado pela defesa, um cabeceamento de Dener ao lado e outro de Lucas Possignolo que o guardião defendeu junto ao ângulo superior direito, foram os únicos registos da produção ofensiva da equipa de Portimão, até ao descanso. Foram escassos e sem perigo, mas foram os únicos que se viram, porque do lado contrário, nem um remate digno desse nome foi efetuado à baliza defendida por Samuel Portugal.

Depois de ja ter efetuado uma troca forçada a meio da primeira-parte, por lesão de Cláudio Falcão, no reatamento, Sérgio Vieira deixou nos balneários César Martins, o único central de raiz que tinha, entrando Bilel e recuando Filipe Melo para a defesa, ao lado de Bura, outro médio adaptado a essas funções.

O Farense reentrou com outra vontade ofensiva e de contestar a superioridade do Portimonense. E conseguiu-o, ganhando terreno e situações para alvejar a baliza contrária, como num remate de Fábio Nunes, que passou perto do objetivo. Na resposta e de livre, Luquinha quase surpreendeu Defendi. Dois momentos que trouxeram ao jogo a emoção que faltava e que perdurou até final. E de chato e sem ritmo, o dérbi ficou rasgadinho.

Depois, a confirmar essa evidência, Beto mediu o alvo, puxou da culatra e saiu um tiro desviado superiormente para canto, por Rafael Defendi, numa das várias oportunidades que as duas equipas tiveram para finalizar. E uma delas foi aproveitada pelo jovem avançado da equipa de Portimão, após grande arrancada de Luquinha na esquerda. O avançado voltou a estar em evidência perto do final, primeiro num remate travado por Filipe Melo e depois ao bisar no primeiro minuto de descontos, quando Dener colocou-o na cara de Defendi.

Se o primeiro golo foi um duro revés na ambição e reação que o Farense trouxe após o intervalo, o segundo, nos descontos, confirmou a vitória do Portimonense, que largou assim o último lugar da classificação. Sérgio Vieira fez tudo para inverter o rumo, com a entrada de mais unidades ofensivas, mas não conseguiu. Paulo Sérgio estava a gostar da produção da sua equipa e só mexeu nos descontos, já depois do segundo golo, para trancar a porta.